Plantão que recebe adolescentes infratores da Grande Florianópolis enfrenta problemas no atendimento

Plantão que recebe adolescentes infratores da Grande Florianópolis enfrenta problemas no atendimento

Servidores afastados por denúncias de agressão. Adolescentes femininas sem atendimento ideal em razão da falta de funcionários.
A realidade é a do Plantão de Atendimento Inicial (PAI), o único lugar que recebe menores infratores na Grande Florianópolis e cujos problemas forçaram medidas judiciais da Vara da Infância e Juventude da Capital.
A situação no PAI, antigamente chamado de Pliat, no bairro Agronômica, motivou inspeção da juíza Brigitte Remor de Souza May. Ela determinou à Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC) o afastamento de dois monitores da ala masculina por causa de relatos de agressão contra um adolescente.
A magistrada também exigiu o retorno de agentes para a ala feminina que atualmente estão deslocadas a outras funções administrativas.
O gerente do PAI, Nelson Fonseca, disse que os agentes não foram afastados e sim remanejados para outras funções onde não tenham contato com os internos. Há uma investigação para apurar a suposta agressão, que teria ocorrido há cerca de duas semanas.
Fonseca não quis dar detalhes sobre a situação nem se estender na entrevista. O DC tentou contato nesta terça-feira com a diretora do Departamento de Administração Socioeducativo (DEASE), Bernadete Sant’Ana, por sua assessoria de imprensa, mas não houve retorno. Ela também não atendeu às ligações para o seu telefone celular.
Nesta terça-feira havia 16 internos no PAI, sendo 10 garotos e seis adolescentes femininas. Não haveria superlotação. A reportagem apurou que o maior problema continuaria sendo a falta de agentes para a ala feminina. Apenas uma servidora estaria cuidando do plantão, com a colaboração de um agente da ala masculina.
A quantidade insuficiente de servidores impede, por exemplo, atividades físicas e até deslocamentos das internas para encaminhamentos médicos quando necessários. Assim, elas também ficariam mais tempo nos quartos, o que prejudica o convívio e a própria condição de reeducação.
“Há servidores repetindo plantão”
O quadro reduzido no PAI é tão preocupante que há servidores tendo de repetir a escala de plantão, relatou o promotor da Infância e Juventude na Capital, Marcílio de Novaes Costa.
Ele também tem feito inspeções e avalia como urgente a melhoria das condições de atendimento e de estrutura do lugar. Marcílio disse que as internas foram afetadas, ficando sem atividades como as oficinas e o aprendizado escolar.
– Há necessidade de ação do Estado. Temos lá plantões reduzidos e até servidores repetindo o plantão – lamentou o promotor.
Há dois anos, o Centro Educacional São Lucas, em São José, que recebia os infratores, está fechado. Sem outro lugar para internação na Grande Florianópolis, as autoridades acabam de tendo de tolerar a situação do PAI sem tomar uma medida extrema.
Uma interdição temporária para a solução dos problemas, por exemplo, é vista como algo ainda mais inadequado, pois assim a região ficaria sem nenhum estabelecimento para receber os infratores.
O impasse acontece num momento em que a polícia verifica grande envolvimento de menores com o crime. Conforme o promotor, 90% dos adolescentes em questão estão envolvidos com o tráfico de drogas.
– Praticam assaltos por encomenda do tráfico e há casos em que até são colocados à prova pelos traficantes para cometerem esse tipo de crime no aliciamento que é feito – comentou o promotor.
(PMF, 19/06/2012)