Licitação dos radares de Florianópolis está parada há dois meses na Justiça

Licitação dos radares de Florianópolis está parada há dois meses na Justiça

Há meses sem radares nas vias de Florianópolis, não há previsão de quando os equipamentos voltarão a funcionar. O último capítulo da novela da licitação ocorreu há quase dois meses, quando o Tribunal de Justiça determinou a nomeação de um perito para analisar as propostas das empresas que estão em pé de guerra pelo contrato de, pelo menos, R$ 7,4 milhões. Até agora não houve a escolha de quem fará a vistoria.
Em 3 de fevereiro, o desembargador Domingos Paludo determinou a 2ª Vara da Fazenda Pública nomear um perito para analisar as propostas das prestadoras de serviço Engebras e Eliseu Kopp – empresa que atende o maior número de contratos no Estado, mais de nove -. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, o período de recursos das duas empresas venceu na semana passada. Isso significa que o juiz Luiz Antonio Zanini Fornerolli poderá nomear o perito a qualquer momento.
A abertura das propostas foi realizado em dezembro do ano passado. A Engebrás foi considerada a vencedora, com a proposta de R$ 7,4 milhões, um desconto de 54% do valor máximo estipulado pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf). A segunda colocada, Eliseu Kopp, entrou com recurso alegando que a planilha de custos da concorrente dava margens para mais de um interpretação, podendo elevar o valor total. O Ipuf desclassificou a Engebras, que conseguiu reverter a situação na Justiça. Mas, uma ação da Kopp fez a Justiça decidir reanalisar ambas propostas.
Planilhas questionáveis
O Diário Catarinense teve acesso as planilhas de ambas a empresas e confirmou que as duas não seguem o padrão do edital. No caso da Engebrás, não está claro se as despesas de instalação de R$ 545 mil foram somadas ao valor global. Já na tabulação da Kopp, os itens unitários na quantidade de equipamentos e aluguel por faixa, ao invés de estarem discriminados, estão somados e se repetem em cada linha da tabela. Dessa forma, ao somar tudo, pode-se chegar ao dobro do valor global, que é de 9,2 milhões.
Se esses detalhes podem trazer futuros prejuízos aos cofres públicos, isso só será confirmado pelo perito. O atual presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), José Carlos Rauen, afirmou ter protocolado há um mês o pedido de urgência para a nomeação desse profissional.
— Esperamos celeridade no processo. Não é certo ficarmos sem fiscalização por causa de guerra comercial. O direito público está perdendo espaço sobre o privado. Eles estão brigando no país inteiro. Daqui a pouco vamos ter que encher a cidade de lombadas físicas , vai ser um caos para a mobilidade urbana — lamenta Rauen, apesar da demora na licitação ter começado com a demora da própria prefeitura em concluir um edital aceitável pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O processo de licitação dos radares foi aberto em outubro do ano passado. Antes, um outro edital tinha sido anulado por suspeita de irregularidades. O serviço era prestado por contrato emergencial com a Engebras desde 2005, mas depois da reportagem do Fantástico, publicada em abril de 2011, sobre a máfia dos pardais no país, a Justiça mandou suspender os serviços na Capital.
O que dizem as empresas
Eliseu Kopp – Por e-mail, o presidente da empresa, Eliseu Kopp, disse que a organização se habilitou, ganhou a licitação e assinou o contrato com o Ipuf de acordo com as determinações do TCE. “Tudo correto, legal e transparente”, diz o proprietário. Conforme o empresário, a concorrente ter entrado com ação na Justiça para impedir a instalação dos equipamentos não seria um recurso novo da Engebras. “Já vimos outras vezes, especialmente no Rio Grande do Sul”, completa. Sobre a decisão da Justiça de analisar as propostas das duas empresas, a Kopp não concorda por considerar regular os seus procedimentos, mas o presidente afirmou que seria uma maneira de esclarecer a situação. Referente ao questionamento à proposta comercial, a Kopp afirma ter atendido todas as exigências do Ipuf.
Engebras – Por meio da assessoria de imprensa, a empresa informou que não iria se manifestar.
As propostas globais
Valor referência do Ipuf para 48 meses – R$ 16,2 milhões
Proposta da Kopp – R$ 9,2 milhões (43% de desconto)
Proposta da Engebras – R$ 7,4 milhões (54% de desconto)
Serviços necessários
73 unidades de parada sobre faixa e velocidade, 43 unidades de parada sobre faixa, quatro equipamentos de leitura automática de placas e dois painéis móveis de mensagens.
(Roberta Kremer, DC, 02/04 2012)