26 mar Florianópolis é réu no Ministério Público por falhar na fiscalização do saneamento básico
O município de Florianópolis é réu em ações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em questões ambientais porque não exerce adequadamente seu poder de polícia, não faz fiscalização rígida referente ao despejamento do esgoto em locais impróprios. A afirmação é do promotor, Sandro José Neis. Ele atua na 32ª Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Norte da Ilha e Lagoa da Conceição.
Apenas no Norte da Ilha, são 28 inquéritos civis que apuram irregularidades com relação a saneamento básico. Um dos inquéritos tem 20 volumes e envolve mais de 40 ruas nos Ingleses cujas casas estariam ligadas diretamente no rio ou na rede pluvial. Uma das regiões mais valorizadas de Florianópolis, a Avenida Beira-Mar Norte tem o mar mais poluído da cidade.
— Os rios de modo geral apresentam alto índice de contaminação em razão das ligações clandestinas lançadas em suas águas. A falta de educação ambiental gera o esgoto clandestino. Quem faz isso, está destruindo sua própria morada, desvalorizando sua cidade — lembrou o promotor de Justiça.
De acordo com Reis, existe um termo de ajustamento de conduta firmado entre o MPSC, a Casan e a prefeitura para construção de estações de tratamento e rede coletora em toda Ilha. O prazo é de três anos, podendo ser prorrogado por mais três anos. Ele disse que existe investimento, mas que o Estado passou um momento de total abandono nas políticas de saneamento.
— Não há dúvida de que, para as pessoas voltarem a frequentar a praia na Beira-mar Norte e na Continental, há necessidade de estabelecer políticas de saneamento para a região metropolitana, especialmente Biguaçu, Palhoça, São José e Florianópolis. Tenho esperança de que um dia as pessoas vão se banhar nessas águas. Só não sei se estarei vivo — observou o promotor Reis.
Um inquérito civil com base em representação sobre odores sentidos ao longo da Avenida Beira-Mar Norte foi instaurado no MPSC. A partir da instauração, inspeções vem sendo realizadas pela vigilância municipal, outros setores da prefeitura e Casan em residências, comércio e instituições num perímetro traçado pelas vias Beira-Mar Norte, Arno Hoeschel, Mauro Ramos e Vidal Ramos.
Até agora, foram mais de três mil visitas e três mil retornos o que resultou em notificações, autuações, oportunidades para regularização (a maioria com adesão dos responsáveis, segundo o MPSC), e relatórios para análise dos casos que não atenderam à norma vigente. No MPSC, há também procedimentos que tratam da regularização do sistema de saneamento na área Continental.
(Gabriela Rovai, DC, 24/03/2012)