06 fev Licitação para reforma do terminal Rita Maria deverá ser aberta até junho
O terminal tem problemas estruturais há anos, nesta terça (31) uma parte da estrutura do telhado caiu e deixou passageiros assustados
A esperada e necessária reforma do terminal rodoviário Rita Maria ainda está sem previsão para ocorrer, mas segundo o presidente do DETER (Departamento de Transportes e Terminais), Sandro Silva, as licitações do projeto e da obra devem ser abertas em junho. Na terça-feira uma parte da estrutura do telhado soltou assustando comerciantes e passageiros. Em 2010 a Defesa Civil fez uma análise do local e decretou situação de emergência, pois a estrutura de ferro da rodoviária está comprometida por causa das infiltrações, porém até agora só foram realizados reparos paliativos e pontuais.
Além do problema frequente da falta de segurança no local, a área que abriga as lojas do piso superior da rodoviária está praticamente deserta, das 48 lojas, apenas seis estão ocupadas e duas estavam abertas na manhã de ontem. “Estamos finalizando o edital do projeto e acredito que daqui a quatro meses teremos os editais concluídos. Conversei com governador e ele falou que vai sem empenhar buscar recursos para fazer a reforma”, informou Silva.
O emissor de passagens Marcio Agassi trabalha na rodoviária há oito anos e conta que no dia em que parte da estrutura cedeu havia diversos clientes no local. Ele conta que todos ficaram assustados com o barulho produzido no teto de Zinco e com os pedaços de concreto que caíram no chão. “Eu fico receoso, porque nunca se sabe o que pode acontecer. Se caiu ali pode cair em outros lugares, ainda mais sabendo da estrutura precária que temos”, afirmou.
Estrutura e opinião dos usuários
Caminhando pela rodoviária é possível perceber algumas partes com estrutura danificada, enferrujada. O gerente do terminal Rita Maria, Valdir Konell, explicou que o problema ocorrido no telhado foi pontual e aconteceu enquanto trabalhadores da rodoviária faziam reparos no local que é um ponto de infiltração. “É uma reforma interna, paliativa. Mas só vamos conseguir ajustar tudo quando houver uma reforma geral. Porém a licitação ainda está em fase de elaboração do edital e não tem como definir uma data”, disse.
A estudante de pedagogia Sara Azevedo, 19, passa pela rodoviária todos os dias durante o período de aula porque mora na praia da Pinheira, em Palhoça, e estuda na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), na Capital. Ela acredita que é necessário rever a estrutura do local. “Não presenciei esse problema no teto, mas ouvi comentários. É só vir aqui em dia de chuva, sempre tem goteiras. É desagradável. Tenho medo também de assaltos aqui”.
Funcionários que não quiseram se identificar reclamam do falta de apoio da polícia. Apesar de ter um vigia de dia e outros dois na parte da noite a sensação de insegurança permanece. Os funcionários disseram que mesmo tendo a delegacia do turista anexo ao terminal, as rondas não são frequentes e eles não têm apoio para conter principalmente os usuários de drogas que diariamente rondam o espaço.
No quesito segurança, Konell admite a dificuldade de impedir, principalmente, ações de vandalismo e incômodos gerados por usuários de crack na região. Porém, afirmou que há um projeto para instalar 52 câmeras de monitoramento eletrônico. O projeto está pronto e em fase de edital para licitação, mas o gerente não quis determinar um prazo porque depende de trâmites da licitação. “A Rodoviária Rita Maria, que deveria ser um cartão postal da cidade, durante trinta anos foi deixada de lado. É triste, espero que mude e estamos trabalhando para isso, mas dependemos de recursos públicos e licitações”, declarou.
A situação dos comerciantes da Central da Moda
Os comerciantes do piso superior da rodoviária também estão desanimados. O espaço conhecido como Central da Moda está praticamente deserto, além de poucas lojas estarem abertas, também não há clientes circulando. Em 2008 foi realizado um processo licitatório e 11 lojas ficaram no local, mas aos poucos estão sendo abandonadas pelos proprietários. Com objetivo de atrair mais movimento, foi negociada a vinda do Pró-cidadão para o local, mas até hoje nada mudou.
Marlene Vendrame, proprietária de uma das lojas, diz que fica na dúvida se mantém ou não o negócio. Ela está há seis anos no mesmo espaço, conta que paga um aluguel de R$600 e ultimamente não tem tido lucro. “Hoje não vejo futuro ali, é um descaso. A gente participou da licitação, paga aluguel e está tudo abandonado. Precisamos de uma reforma. Se não melhorar, vou ter que fechar a loja. Não tenho mais condições de manter assim, não temos segurança e estrutura é ruim”, opinou.
Konell diz que entende os comerciantes porque o terminal realmente perdeu usuários. Até 2008/2009 a média de usuários por dia era de 12 mil na temporada, nos últimos anos a média foi de oito a dez mil na temporada e seis mil na baixa. A licitação para a transferência do Pró-cidadão para a rodoviária abriu no dia 27 de janeiro e a prefeitura está analisando as propostas. “O Pró-cidadão virá com toda estrutura, inclusive de vigilância. Com isso, cerca de mil pessoas a mais por dia devem passar por aqui. Isso vai movimentar o comércio e melhorar a situação para os comerciantes”, disse.
Entenda o caso:
O prédio, inaugurado em 1981, nunca foi reformado. Apenas reparos emergenciais foram realizados até o momento. Um projeto para a recuperação do terminal foi elaborado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), mas não foi posto em prática pelo Deter. A obra custaria aproximadamente R$ 5 milhões, dos quais R$ 3 milhões seriam gastos somente na cobertura. A privatização da rodoviária já foi cogitada três vezes, em 1991, 2000 e 2010.O atual presidente, Sandro Silva, disse que não há interesse em privatizar o espaço.
Terminal Rita Maria
Inauguração: 07 de Setembro de 1981
Secretário de Transportes da época: Esperidião Amin Helou Filho
Governador da época: Jorge Konder Bornhausen
Área Construída: 15.718,15m2
Área Coberta: 13.689,31m2
(ND, 06/02/2012)