Escola João Gonçalves Pinheiro, no Rio Tavares, em situação precária

Escola João Gonçalves Pinheiro, no Rio Tavares, em situação precária

As condições precárias da Escola de Ensino Médio João Gonçalves Pinheiro – localizada no Sul da Ilha (Rio Tavares) – foi verificada “in loco” pelo deputado Sargento Amauri Soares (PDT). Depois da visita, o parlamentar apresentou no Plenário da Assembleia Legislativa as fotografias dos problemas enfrentados pela unidade escola. A situação, segundo Soares, é de completo abandono.

Na opinião do deputado Sargento Soares, o sucateamento das escolas estaduais é uma forma de colocar em prática a municipalização. “A tática é deixar sucatear para entregar pra o município. Ao mesmo tempo em que para de investir na educação pública estadual, [o governo] defende que os municípios cuidem das escolas, mas as prefeituras não têm condições de atender uma rede extensa de alunos”, explicou durante pronunciamento na tarde de terça-feira, 06/12.
A comunidade, acredita o deputado, não quer o fechamento da escola, mas condições adequadas para receber os alunos.

Reforma paliativa

A escola, fundada em 1976 para o ensino fundamental, era patrimônio da Prefeitura de Florianópolis, mas desde que foi cedida para o governo do Estado nunca passou por uma reforma estrutural. Segundo os professores, em 2010 houve uma “reforma paliativa”, com apenas algumas pinturas e rebocos. A estrutura elétrica e hidráulica não passou por reforma.
A escola conta com 600 alunos nos três períodos (manhã, tarde e noite) e apenas tem três serventes, sendo uma merendeira, que se revezam. Não existe um funcionário para cuidar da manutenção.

A falta de servidores também afeta a biblioteca, que não tem bibliotecário para organizar o acervo. A função é cumprida por professores licenciados por saúde.

Segundo Sargento Soares, apesar do alto nível de qualificação dos professores, o corpo docente não consegue prestar um serviço eficiente. Os professores ainda sofrem com o assédio moral caso insistam em denunciar as condições do colégio.

No próprio dia da visita, a escola estava sem água, e os alunos foram dispensados. A caixa d’água não podia fornecer água para os alunos, pois permanece destampada, suja de limo e sem proteção entre a água e a parede de concreto. Mesmo se tivesse água, a fila para o bebedouro seria grande, pois um dos bebedouros está desativado.

As salas de aula têm lâmpadas falhando, portas, cadeiras e vidraças quebradas, e interruptores sem proteção. Após a reforma, foram instalados oito aparelhos de ar condicionado, mas nenhum funciona porque a rede elétrica não suporta.

Alimentação precária

Para se praticar esportes, os alunos encontram dificuldades. A quadra é esburacada, as tabelas de basquete estão quebradas e as traves de futsal, sem rede. Ao lado da quadra um buraco de aproximadamente um metro coloca os alunos em perigo. O buraco é de uma fossa aberta que nunca foi fechada.

A dispensa encontrada pelo deputado Sargento Soares está em condições insalubres. A alimentação é pobre, com apenas arroz, feijão e macarrão. Os adolescentes não têm acesso às frutas. Para suprir a falta de alimentos, a própria merendeira e a diretora fazem algumas compras. “Nossos alunos são submetidos a essa alimentação”, constata um professor resignado. De duas geladeiras, que ainda pertencem ao patrimônio da Prefeitura, apenas uma funciona. A cozinheira ainda acumula a função de porteira.

Um aluno cadeirante tem dificuldade para estudar na escola, pois não possui equipamentos adequados para atender necessidades especiais. Para usar o banheiro, o aluno tem que voltar para casa. E as poucas rampas existentes foram construídas pela família.

Felizmente, o único local que está bem conservado e funcionando plenamente é o laboratório de informática. Com nove computadores, o laboratório suporta 18 alunos por vez, dois para cada equipamento.

Sargento Soares cobrou do governo ações imediatas para resolver a “situação dramática” da Escola de Ensino Médio João Gonçalves Pinheiro. “É um desrespeito aos adolescentes que lá estudam. O que pensam os estudantes dos poderes constituídos quando tem que estudar em um colégio naquelas condições? É inaceitável a situação”, criticou.

(Portal Alesc, 06/12/2011)