17 nov Polêmicas e propostas para Florianópolis marcaram o Painel RBS desta quarta-feira
Propostas para mobilidade, planejamento urbano e segurança pública foram abordados por autoridades do Governo e Entidades da sociedade civil da Capital catarinense
O Painel RBS Desafios de Florianópolis reuniu hoje especialistas, jornalistas e autoridades para debater segurança pública, mobilidade e planejamento urbano. No encontro, representantes do poder público estadual e municipal responderam a questionamentos e apresentaram medidas que estão sendo implantadas para amenizar os problemas nos três setores críticos da cidade.
Os especialistas também propuseram soluções. A presidente do Instituto Guga Kuerten, Alice Kuerten, e o Padre Vilson Groh, do Instituto Padre Vilson Groh, reforçaram o interesse em se investir nos jovens para evitar a criminalidade na cidade.
– Temos que dar oportunidades aos demais como Guga teve quando criança, quando jovem, para que eles sejam Gugas, Anas Mosers – afirmou a mãe do ex-tenista.
Na discussão, tiveram espaço temas polêmicos, como o Plano Diretor da cidade e a ocupação irregular. No quesito mobilidade, os convidados concordaram que a solução é o transporte coletivo e que o tema ainda exige mais conversa entre os governos, comunidade e setor acadêmico.
A edição desta quarta-feira do Painel RBS foi transmitida ao vivo pela TVCOM, pela Rádio CBN Diário e pelo diario.com.br. Os moradores participaram da discussão mandando perguntas pelo diario.com.br e comentando no twitter, pela #painelrbs.
(DC, 17/11/2011)
Para manezinho sonhar e viver
Florianópolis sem trânsito, sem assaltos ou homicídios e com um planejamento de crescimento para as próximas décadas. Para dar alguns passos rumo a essa cidade dos sonhos de moradores e visitantes, o Grupo RBS promoveu, ontem, o Painel RBS Desafios de Florianópolis. O programa, de duas horas, foi dividido em três blocos para discutir segurança pública, planejamento urbano e mobilidade. Além da exposição da atual situação da Capital, representantes do governo estadual e municipal discutiram, com jornalistas e estudiosos, soluções para esses temas que são a espinha dorsal da cidade.
Confira o que foi apresentado no debate, coordenado por Mário Motta e transmitido pela TVCOM, pelo diario.com.br e pela Rádio CBN Diário.
Mais policiais e mais visão social
Os moradores de Florianópolis conhecem e todos os dias os jornais confirmam os problemas da área de segurança na Capital. Para resolver a questão, na discussão de ontem, o secretário de Segurança Pública, César Grubba, destacou a necessidade de fortalecer a estrutura da polícia com o aumento do efetivo.
Ele anunciou a nomeação de mais 429 SERVIDORES de segurança ainda esta semana e o retorno gradativo às ruas dos cerca de 300 policiais militares que estão trabalhando em prédios públicos. Ainda foi anunciada a inauguração, na semana que vem, de uma delegacia especializada em combate ao roubo na Capital.
Para os debatedores, a construção de uma cidade mais segura passa também por projetos sociais, com foco nos menores de 18 anos.
– Na OAB catarinense, nós entendemos que o problema da criminalidade está exatamente no menor infrator. Se fizermos com que ele não dê o primeiro passo para a criminalidade, lá na frente vai ser diferente – afirmou o advogado da OAB-SC Lídio Moisés da Cruz.
De acordo com a coordenadora do Icom, Lucia Dellagnelo, mais de 50% daqueles que têm entre 15 e 17 anos na cidade não frequentam escola ou têm empregos formais, o que representa um total de cerca de 17 mil jovens. Lucia ainda expôs a dificuldade em conseguir as estatísticas que poderiam embasar trabalhos de assistência.
– Teríamos que coletar dados, integrá-los, analisá-los para podermos formar políticas públicas – considera a coordenadora do Icom.
O padre Vilson Groh, presidente do instituto de mesmo nome, entrou na discussão e propôs que haja oportunidades para os jovens, com cursos de surfe, por exemplo. A importância do acompanhamento dos jovens e das famílias foi confirmada pela presidente do Instituto Guga Kuerten, Alice Kuerten. Ela lamentou as dificuldades financeiras que as organizações não-governamentais enfrentam, e ressaltou a importância dos governos estadual e municipal nos trabalhos para solucionar os problemas sociais.
– Temos que dar oportunidades aos demais, como Guga teve quando criança, quando jovem, para que eles sejam Gugas, Anas Mosers – afirmou a mãe do ex-tenista.
(Por Gabrielle Bittelbrun, DC, 17/11/2011)
Falta consenso para planejar
O debate sobre planejamento foi centrado, principalmente, na não elaboração do plano diretor da cidade. Oficialmente, Florianópolis tem dois planos, um de 1985 e outro de 1997. Um novo planejamento vem sendo discutido desde 2006 e, em 2009, o Ministério Público de SC recomendou que se ouvisse a população.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, José Carlos Rauen, disse que não há prazo para o novo plano, pela dificuldade de consenso entre os moradores e pelas questões ambientais envolvendo a cidade. Ele ressaltou que são interesses diferentes. Cada morador defende um ponto de vista para cada questão que surge, como no caso da ocupação urbana e as as áreas de preservação. A questão é como chegar ao consenso. O secretário discordou da estimativa da organização não governamental, FloripAmanhã, que apontou que em 2030, 79% da Ilha de Santa Catarina seria ocupada por prédios.
De acordo com Rauen, isso não seria possível porque 54% da Ilha é área de preservação permanente, o que também dificulta a aprovação do plano diretor. Depois da finalização pela prefeitura, o projeto ainda deverá ser submetido à Câmara de Vereadores.
O professor da UFSC Elson Pereira, que participa da elaboração do plano, destacou a necessidade de se desenvolver uma metodologia. Para ele, antes disso, não há como estabelecer cronogramas. O professor defendeu ainda políticas públicas de reinserção de quem mora em áreas de risco.
– Não se pode restringir ocupação irregular apenas a comunidades de baixa renda. A iniciativa privada também ocupa, quando quer. Quando a população de baixa renda ocupa áreas de preservação é porque é o que lhe sobra, os preços imobiliários são incompatíveis com fatia enorme de pessoas, que vão morar à margem de rio, em locais onde ocorre escorregamento – retratou.
O presidente da Acif, Doreni Caramori, disse que a discussão de um plano está integrada em toda a discussão de planejamento. Ele ressaltou que a consolidação desse planejamento seria o estabelecimento de limites de onde, afinal, é possível ou não construir. E cobrou:
– A mesma fiscalização feita em grandes empreendimentos precisa ser feita em toda a cidade.
(DC, 17/11/2011)
Sem integração, sem mobilidade
Florianópolis conta com uma frota de 280 mil veículos que, somada ao número da Grande Florianópolis, chega aos 500 mil carros. A falta de integração entre os projetos para organizar toda esta frota ficou evidente durante o Painel.
Todos os participantes defenderam a necessidade de investimento no transporte público de qualidade, para que as pessoas deixem de usar o automóvel e prefiram aderir ao transporte de massa.
Esta é a principal questão que não sai do papel por causa da falta de visão integrada entre as cidades da Grande Florianópolis.
Enquanto o vice-prefeito da Capital, João Batista Nunes defendeu o BRT (Bus Rapid Transit), com ônibus articulados circulando em vias próprias, o presidente do Deinfra, Paulo Meller, demonstrou preferência pelo veículo leve sobre trilhos (VLT), como o metrôs de superfície.
O vice-prefeito criticou a postura do Deinfra que, segundo ele, não teria atendido ao pedido de priorização do transporte público nas obras das rodovias estaduais.
Ele sugeriu a criação de uma secretaria estadual especializada em integrar os transportes na região metropolitana de Florianópolis.
O presidente do órgão estadual reconheceu o crescimento desordenado da cidade e expôs que, mesmo privilegiando o transporte individual, algumas obras são necessárias.
– Não adianta duplicar a SC-401 e a SC-405, isso só resolve momentaneamente. Temos que voltar a discutir isso. Mas, na minha opinião, a quarta ponte é ainda o melhor porque precisamos fazer algo – considerou o presidente do Deinfra.
O professor da UFSC Lino Peres apontou a necessidade de um estudo aprofundado de origem e destino, a fim de se apontar quais as medidas mais adequadas ao transporte.
– O Estado que pediu um estudo para o VLT (no governo Luiz Henrique da Silveira), vem agora com quarta ponte desvinculada do plano diretor, da prefeitura que quer o BRT. Isso é esquizofrênico – disse.
O modelo integrado e pensar e atuar sobre mobilidade, na visão dos participantes, passa pela parceria entre prefeituras e pela coordenação de um órgão estadual. E deve levar em conta não só uma, mas várias formas de transporte, inclusive pelo mar.
(DC, 17/11/2011)
Floripa, todos te querem bem
O Diário Catarinense vai mostrar de forma prática a sua vontade de buscar soluções que garantam a qualidade de vida na Capital, lançando a campanha Floripa Te Quero Bem. A iniciativa, que integra as comemorações pelos 25 anos do jornal, foi anunciada ontem, após o Painel RBS Desafios de Florianópolis.
Com a proposta, serão levantados informações e projetos sobre os rumos da Capital, em artigos, reportagens, eventos e interatividade com o público em todos os veículos do Grupo RBS.
O objetivo é transformar as inquietações e preocupações em atitudes de moradores, entidades, estudiosos e o poder público para melhorar a Capital. A mobilização terá como foco principal os temas do Painel RBS de ontem: mobilidade urbana, segurança pública e planejamento da cidade.
Uma grande ferramenta de debate será a página Floripa Te Quero Bem no Facebook, lançada ontem. A próxima etapa será o site Floripa Te Quero Bem, que irá ao ar nas próximas semanas.
No site, os moradores poderão ter um raio X da cidade. Quais são os postos policiais? Como está o desenvolvimento humano? Como estão as estatísticas de combate ao crime? Estes e muitos outros dados estarão disponíveis para dar uma ideia de como está Florianópolis e de o que precisa ser feito pela Capital.
A iniciativa pelo aprimoramento de Florianópolis não tem data para acabar, seguindo a proposta de campanhas consagradas conduzidas pelo Grupo RBS, como Crack nem pensar, de 2009.
– Temos que levantar essas grandes questões que afligem a comunidade. É o primeiro passo da jornada para ter solução prática dos problemas – destacou o vice-presidente do Grupo RBS em Santa Catarina, Eduardo Smith.
O ex-tenista Gustavo Kuerten, que motivou o questionamento sobre o futuro de Florianópolis ao dizer, em uma entrevista ao DC em outubro, que não se via mais morando na cidade nos próximos cinco anos se os problemas se agravarem, comemorou a iniciativa de procurar soluções e exaltou a cidade onde sempre morou:
– É importante trazer a preocupação à tona. Ainda assim, com os problemas, Florianópolis é uma das melhores cidades do Brasil para se viver.
Guga disse que a discussão sobre uma cidade melhor deve ter a participação da comunidade.
(DC, 17/11/2011)