Mobilidade: mudar o paradigma e priorizar o homem

Mobilidade: mudar o paradigma e priorizar o homem

Por Moacir Pereira (DC, 20/11/2011)
Pior em Florianópolis e, em princípio, dilema insolúvel: inexiste órgão, em qualquer nível, para coordenar estas quatro instâncias diferentes que atuam no sistema viário da área metropolitana.
Tem mais! Durante o debate, o presidente do Deinfra defendeu o transporte de massa como alternativa para incrementar a mobilidade urbana. Com o VLT-Veículo Leve sobre Trilho. Já o secretário de Transportes de Florianópolis e vice-prefeito João Batista Nunes, já adotou o BRT- o Bus Rapid Transit.
Há décadas cogita-se do transporte marítimo para facilitar o transporte de massa na Grande Florianópolis. O prefeito Ronério Heiderscheidt lançou seu projeto. O vice prefeito João Batista é contra. Assim, os barcos vão ligar Ponta de Baixo a Enseada do Brito.
O governo estadual lança nos próximos dias o edital do projeto da quarta ponte. O secretário Valdir Cobalchini fez uma exposição sobre a obra para arquitetos, urbanistas e líderes de entidades classistas, em reunião da Floripamanhã. A presidente do Instituto do Planejamento Urbano de Florianópolis, arquiteta Vera Lúcia Silva, revelou, então, para uma plateia perplexa, que o Ipuf não fora ouvido e só naquele momento tomava conhecimento do projeto.
Os arquitetos Giovani Bonetti e Lilian Mendonça questionaram a prioridade dada ao carro particular, em detrimento do transporte de massa, alertando para agravamento do trânsito na saída da Beira Mar Norte. Sugeriram uma “mudança de paradigma”, isto é, o homem como centro da vida na cidade e um sistema de transporte multimodal que contemple a via marítima, com terminais de transbordo integrados no transporte rodoviário.
No Painel RBS e nos debates ficou evidenciada a urgência de ações de mobilidade considerando toda a região metropolitana e um organismo que coordene os órgãos públicos de diferentes níveis de poder.
Florianópolis: descoordenação completa
A mobilidade urbana em Florianópolis está ruim? Pode ficar pior. O sistema viário da Grande Florianópolis é um calvário? Está ameaçado de virar um inferno permanente.
Diagnósticos sobre os dramáticos problemas de mobilidade urbana marcaram o último Painel RBS. Projeções pessimistas ganharam destaque no debate promovido pelo grupo RBS, com a participação do presidente do Deinfra, Paulo Meller, do vice-prefeito João Batista Nunes e do professor Lino Peres, da Ufsc.
A primeira constatação que está a merecer rápida ação politica das autoridades: a completa descoordenação nos projetos que visam melhorar a mobilidade.
Para refletir: 1. O sistema de transporte coletivo é administrado pela Prefeitura Municipal, mediante concessão. Viciado e sem concorrência, deixa a impressão de que impera sobre governantes e governados. O povo paga.
2. A construção de uma nova ponte e manutenção das atuais é do governo estadual. O Deinfra não tem dinheiro para recuperar a Ponte Hercilio Luz, nem para manter as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo. Muito menos para erguer uma nova travessia.
3. A Via Expressa, que liga a BR-101 as duas pontes, está sob a responsabilidade do DNIT, que carece de autonomia financeira até para colocar uma placa de sinalização. O que esperar então de medidas práticas para reduzir os gigantescos engarrafamentos? Ou alguma ação nas marginais para evitar os espertos?
4. O Contorno Viário da Capital é da alçada da ANTT, a omissa Agência Nacional de Transportes Terrestres, cúmplice da Auto Pista Litoral Sul, concessionária da BR-101 na suspeita mudança do projeto original, que devia está sendo pronto em fevereiro.