Especialista defende fim do “carrocentrismo”

Especialista defende fim do “carrocentrismo”

O professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Ricardo Abramovay, criticou a preferência pelo carro em detrimento aos sistemas de transporte de massa, como ocorre em praticamente todas as cidades brasileiras. Ele defendeu o fim do que chamou de “carrocentrismo” durante a palestra sobre a Mobilidade no Século XXI, dentro do I Fórum de Indicadores de Mobilidade Urbana, realizado nesta terça-feira (22), no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa.
Abramovay apontou que o principal desafio é evitar que a capital catarinense chegue ao mesmo estado de saturação já observado em cidades maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas lembrou das dificuldades de se reverter esse quadro, já que a preferência pelo carro é uma questão cultural. “O carro está ligado ao status e permanentemente somos bombardeados por propagandas nesse sentido”, afirmou.
O especialista também ressaltou o poder das indústrias automotiva e petrolífera que, para ele, são setores que resistem à inovação. “A indústria automotiva também tem responsabilidade nessa questão da mobilidade. Não é só produzir, vender e deixar para o poder público essa responsabilidade”, acredita.
O professor acredita que a questão da mobilidade está ligada ao desenvolvimento sustentável. Ele criticou o fato da indústria produzir carros cada vez maiores, mais pesados, potentes e com consumo maior de combustível. “Numa sociedade onde os recursos são finitos, apesar das inovações tecnológicas, há um aumento cada vez maior da pressão pelo consumo”.
Além do desenvolvimento de um sistema de transporte de massa e da concepção de veículos mais eficientes, o professor sugeriu que a questão da mobilidade poderia ser melhorada com um planejamento urbano pensado em função das pessoas e não dos automóveis, além do incentivo a sistemas de compartilhamento de veículos.
“Na questão da mobilidade urbana, estamos enxugando gelo. Se nada mudar, daqui a alguns anos, vamos comprar carro, mas não vamos poder circular com ele”, afirmou Abramovay.
(Portal ALESC, 22/11/2011)