Mês da Consciência Negra

Mês da Consciência Negra

Um mês inteiro em homenagem a Zumbi dos Palmares, herói brasileiro símbolo da resistência dos negros contra a escravidão

A Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial de Florianópolis/Coppir é responsável pela articulação e realização, juntamente com a Fundação de Cultura de Florianópolis Franklin Cascaes, das atividades referentes ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 Novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, herói brasileiro símbolo da resistência dos negros contra a escravidão.

As atividades propostas buscam desenvolver processos de efetivação de direitos, de informação, empoderamento e comunicação que valorize e fortaleça a identidade da população negra de Florianópolis com enfoque em sua contribuição histórica para a formação do município, no reconhecimento dos Marcos Comemorativos de 2011, na defesa dos Programas de Ações Afirmativas, na visibilidade das manifestações culturais de matrizes africanas presentes na capital, no reconhecimento da importância da luta de Zumbi dos Palmares como herança da ancestralidade Africana para população negra local, a partir da reflexão “ZUMBI VIVE AQUI”.

Marcos comemorativos em 2011

10 anos da Conferência Internacional de Durban

A Declaração de Durban chamou a comunidade internacional a honrar a memória das vítimas da escravatura como médio de reconciliação e cicatrização das feridas daquela tragédia. Assim mesmo, reconheceu que alguns têm tomado a iniciativa de lamentar o sucedido, expressar remorso ou pedir perdão e instou aqueles que ainda não tenham contribuído a restabelecer a dignidade das vítimas para encontrarem a maneira adequada de o fazer.

150 anos de nascimento de Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, em 24/11/1861, filho de Guilherme e Carolina Eva da Conceição, negros libertos, a serviço do Marechal Guilherme Xavier de Sousa, militante da guerra do Paraguai, e sua esposa Clarinda de Sousa, com a qual aprendeu as primeiras letras, entre 1865 e 1866.

Nascido de uma família de escravos alforriados, João da Cruz herdou o Sousa do marechal, seu ex-senhor e tutor, que lhe proporcionou uma refinada educação – foi aluno de matemática de Fritz Müller, no Liceu Provincial, onde aprendeu francês, latim e grego. Aos 20 anos, escreveu seus primeiros textos abolicionistas no jornal Tribuna Popular e, logo depois, com o amigo Virgílio Várzea (com quem escreveu Tropos e Fantasias, 1885) liderou a renovação literária catarinense em oposição ao romantismo conservador, dominante à época.

Após ter sido recusado no cargo de promotor, em Laguna, por ser negro, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tentou trabalhar na imprensa, até o cargo de arquivista da Central do Brasil. Na antiga capital federal, publicou, em 1893, os livros fundamentais do simbolismo brasileiro (e mundial): Broquéis (poesia) e Missal (prosa poética).

Rejeitado, também, pela Academia Brasileira de Letras (fundada em 1897 por Machado de Assis), o poeta negro morreu de tuberculose no dia 19 de março de 1898, na estação do Sítio (município de Antônio Carlos, na Serra da Mantiqueira), ao lado da mulher Gavita, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente.

Postumamente, foram publicados os livros Evocações (1898, prosa), Faróis (1900, poesia) e Últimos Sonetos (1905, poesia), que consolidaram uma obra reconhecidamente transgressora e inovadora.

2011: Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes

O mundo celebra, neste 2011, o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, instituído pela ONU para impulsionar o pleno desfrute dos direitos econômicos, culturais, sociais, civis e políticos dessas comunidades. Trata-se de um acordo adotado em 2009 pela Assembléia Geral, a qual reafirmou a validade de todas as declarações, convênios e outros instrumentos internacionais vinculados ao desenvolvimento dos herdeiros do legado africano.

O propósito do acordo da Assembléia é fortalecer as ações nacionais e a cooperação internacional em benefício dos afrodescendentes e seus direitos e promover um maior conhecimento e respeito da diversidade de sua herança e cultura.

O ato que instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes ocorreu em dezembro passado, na sede da ONU, em Nova Iorque. Na ocasião, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou que “a comunidade internacional não pode aceitar que grupos inteiros sejam marginalizados por causa da cor de sua pele”.

Um dos signatários do documento que selou o pacto da comunidade internacional pelo fim do racismo – na 3ª Conferência Mundial sobre Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada há dez anos, na cidade de Durban, África do Sul –, o Brasil criou mecanismos para combater a discriminação racial e promover a inclusão e o desenvolvimento da população negra no País, entre eles a criação da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e a sanção da lei conhecida como Estatuto da Igualdade Racial.

110 anos de nascimento de Antonieta de Barros

Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, na Rua Arcipreste Paiva, dia 11 de julho de 1901. Vinda de família humilde, foi alfabetizada aos cinco anos e começou a lecionar aos 17. Mesmo antes de concluir o curso de magistério, mantinha um curso primário de alfabetização que levava seu nome: Curso Particular Antonieta de Barros (oficializado em 1922 e que funcionou até 1964). Seu objetivo era dar continuidade aos estudos, completado-os com um curso superior, o que não foi possível, uma vez que os cursos da Capital não eram abertos a mulheres.

Em 1934, foi a primeira mulher catarinense, e até então única representante da etnia negra, a eleger-se na Assembléia Legislativa, assinando a Constituição Estadual de 1935.

Em 1937, reuniu algumas crônicas do Jornal Repúblicas e editou seu primeiro livro, cuja renda foi revertida aos filhos dos pacientes portadores de hanseníase (lepra). Em julho de 1971, quando Antonieta completaria 70 anos se viva fosse, sua irmã Leonor de Barros mandou editar a segunda edição, cuja renda foi revertida para a Escola Básica Antonieta de Barros.

Dia 28 de março de 1952, às 10h da manhã de uma sexta-feira de Passos, no Hospital de Caridade, Antonieta interrompia para sempre a sua passagem por este mundo, de forma honrosa e dignificante. Seu enterro foi uma verdadeira consagração, que se constituiu no agradecimento, respeito e admiração por parte da população, a quem ela se dedicou por toda a vida.

As atividades da Consciência Negra em 2011 estendem-se por todo mês, iniciando-se no dia 03 de novembro com a abertura oficial da programação.
São palestras, homenagens, caminhadas e apresentações artísticas.

PROGRAMAÇÃO

03/11
10h
Escolas da Rede Municipal de Ensino – Prof. Roberta Lima
Início do Projeto “Conhecendo e Reconhecendo Cruz e Sousa com a Música”

19h
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina
Rua Doutor Jorge Luz Fontes, 310, Centro
Abertura das Atividades:
Mesa de Autoridades com a presença da Ministra Luiza Bairros
Homenagem póstuma a Vicente Francisco do Espírito Santo: “A Exceção e a Regra”

Vicente Francisco do Espírito Santo, militante negro, ativista da luta anti-racista e contra a intolerância religiosa, foi demitido da empresa estatal em que trabalhava, em março de 1992. Ao tomar conhecimento de que a razão de sua demissão estava na cor de sua pele, ajuizou uma ação. Em 1996, conseguiu uma vitória histórica. O Tribunal Superior do Trabalho determinou a reintegração de Vicente ao posto de trabalho. Seu caso teve repercussão nacional e é emblemático, por ser o primeiro caso em que os tribunais reconheceram a prática de racismo no local de trabalho, constituindo, assim, a exceção à regra.

07/11
19h
Auditório Stuart Wright – Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina
“Territorialidade Negra em Santa Catarina”
1º Painel: Territorialidade Negra Urbana em Florianópolis
Jailson de Souza e Silva – Coordenador Geral /Observatório de Favelas/RJ;
Cristiana Tramonte – Professora e Pesquisadora da Cultura Afro-brasileira /
Núcleo Mover de Educação Intercultural e Movimentos Sociais / UFSC;
Mediadora: Alexandra Alencar – Doutoranda pesquisadora NUER / Arrasta-Ilha

2º Painel: Territorialidade Negra Rural em Santa Catarina
Raquel Mombelli /Doutora em Antropologia Social /NUER;
Vanda Pinedo /Movimento Negro Unificado/MNU;
Marcelo Spaolonse /INCRA
Mediador: Willian Conceição – Acadêmico de História da UDESC / Bolsista pesquisador NUER

09/11
9hs ao 12hs
Vila Aperecida
Oficina de Dança e Percussão Africana com o Senegalês Modou Diatta

19h
Auditório da Superintendência Regional do Trabalho
Rua Vitor Miereles, 198, Centro – 4º andar
Mesa Temática: “População Negra e Mercado de Trabalho – Relações de Desigualdades”
Rodrigo Minnoto – Superintendente Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina;
Doutora Andrea Nice Silveira Lino Lopes – Procuradora do Trabalho e Coordenadora Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho – COORDIGUALDE – Ministério Público do Trabalho;
João Nogueira – Sociólogo – Núcleo de Estudos Negro;
Daniel Teixeira – Advogado e Coordenador de Projetos – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades/CEERT/SP;
Mediador: José Ribeiro – Coordenador de Relações Públicas da Central Única das Favelas/CUFA

10/11
9h às 12h
Monte Serrat
Oficina de Dança e Percussão Africana com o Senegalês Modou Diatta

13/11
14h
Sociedade Recreativa Novo Horizonte
Batizado da Bandeira e Escolha da Rainha do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Dascuia promovido Diretoria da Escola de Samba Dascuia

15/11
10h
Concentração no Terreiro de Umbanda Pena Verde
Rua Luiza Maria dos Santos, 32 , Rio Vermelho
Dia Nacional da Umbanda – Caminhada em defesa da Liberdade Religiosa

16h
Sociedade Recreativa Novo Horizonte
Homenagem à Umbanda e aos 60 anos da Almas e Angola em Santa Catarina – promovido pela Associação dos Terreiros de Umbanda Almas e Angola/ATUAA

16/11
19h
Palácio Cruz e Sousa
Praça XV de Novembro, 227, Centro – Florianópolis
Abertura do Seminário de Ensino das Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura de Florianópolis.

20h
Abertura do 1º Encontro Afro-Literário de Florianópolis – Instituto Enrea

17/11
8h às 17h
Auditório Senac
Rua Silva Jardim, 360, Prainha, Florianópolis
Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais promovido pela Secretaria Municipal de Educação

19h
Auditório Stuart Wright – Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina
Mesa Temática: “Estatuto da Igualdade Racial e Ações Afirmativas”
Renato Teixeira/SEPPIR
Marcelo Tragtemberg – Comissão de Ações Afirmativas/UFSC;
Representante da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade do Conselho Federal da OAB;
Egon Koerner Júnior – Procurador – Chefe do Ministério Público do Trabalho/SC;
Mediador: Edsoul – Presidente do Conselho Estadual das Populações Afro-descendentes/CEPA
Lançamento do Livro: “Ações Afirmativas: A Questão das Cotas” de Renato Teixeira

19/11
9h
Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos
Rua Marechal Guilherme, no alto da Escadaria do Rosário, Centro
Culto Ecumênico

10h
Caminhada Zumbi dos Palmares

12h
Apresentação de Projetos Sociais
Africatarina, Abada Capoeira, Capoeira Ilha de Palmares, Mensageiros da Alegria, Mithos, Escola de Samba Mirim do Consulado, Arrasta Ilha, Dandara, Cedep Monte Cristo.

18h30
Teatro da UBRO
Performance Teatral: “Manifesto NEGA” – Coletivo NEGA

20/11
15h
Trapiche da Av. Beira Mar Norte
Lançamento da Campanha dos 16 dias de Ativismo Contra a Violência Doméstica

15h30
Lançamento do Livro: “Pingo de Chuva em A Cor da Amizade”

16h
Cultura de Rua
Família Arma-zen, Grupo Ideologia Comai Maf, Griôs, Movimento Negro Periférico/MNP, Dj Naomi/CUFA, Dj Leko/Ideologia, Ghetos.

18h
Show com Bandas Locais
Velha Guarda da Coloninha, Roberta Lira e Banda, Karine Cunha e Marcus Bonilla, Nenê Maravilha e Deto, Quatro Is, Velha Guarda da Protegidos da Princesa, Facina Samba, Novos Bambas, Velha Guarda da Copa Lord, Intuição, Sambarah.

24/11
10h
Praça XV de Novembro
Entrega da Coroa de Flores ao Busto de Cruz e Sousa – Gab. Ver. Márcio de Souza

19h
Palácio Cruz e Sousa
Solenidade de Homenagem aos 150º anos de nascimento de Cruz e Sousa

23h
Praça XV de Novembro
Serenata em homenagem ao Cruz e Sousa – Gab. Ver. Márcio de Souza

29/11
14h às 18h
Auditório da Fecomércio
Rua Felipe Shimidt, 785, Centro
Seminário: “Política de Saúde da População Negra”
para profissionais da Rede Municipal de Saúde e Comitê Municipal de Saúde da População Negra)
galeria de imagens

(PMF, 27/10/2011)