04 out A prioridade das prioridades
Contratadas pelo Grupo RBS, pesquisas de opinião realizadas pelo Ibope, em Florianópolis, e pelo Instituto Mapa, em Joinville e Blumenau, revelaram quais, na opinião dos moradores das três cidades mais populosas de Santa Catarina, devem ser as prioridades, nas três esferas do poder público, para melhorar a vida do povo. O resultado não surpreendeu. Apenas confirmou uma realidade angustiante: tanto na Capital quanto em Joinville e Blumenau, a área da saúde pública foi apontada como a prioridade das prioridades. E com impressionantes percentuais à frente das demais carências mencionadas.
Em Florianópolis, cuja população é acossada dia e noite, nas ruas e nos lares, pela marginalidade e a violência, 64% dos entrevistados apontaram a saúde como o maior problema, deixando a segurança pública em segundo lugar (58%). Em Joinville, 47%, e em Blumenau, onde muitas das cicatrizes deixadas pelas últimas inundações ainda estão abertas, 21,1%, enquanto 15% mencionaram obras para a prevenção de cheias e deslizamentos. Os números e as comparações são eloquentes. Não deixam margem a quaisquer dúvidas: a saúde pública no Brasil é uma tragédia contínua, um verdadeiro “caso de polícia”.
De quem a culpa? Não é do povo, que desembolsa quase 40% do que ganha para pagar tributos, e pouco ou quase nada recebe em troca. Impõe-se lembrar que 75% dos brasileiros, cerca de 143 milhões de pessoas em números absolutos, dependem, exclusivamente, do Sistema Único de Saúde (SUS). E o seu drama está à vista nas emergências e enfermarias superlotadas dos hospitais, nas intermináveis filas em busca de atendimento laboratorial e até mesmo ambulatorial. Há situações surrealistas – e desumanas –, como a de pacientes que, por anos a fio, aguardam cirurgias que podem fazer a diferença entre viver e morrer. De quem a culpa? Não é do doente…
Da saúde pública no Brasil, diga-se o mesmo que certa vez o estadista francês Charles De Gaulle disse sobre a sua própria velhice: “É um naufrágio”. As populações das três maiores cidades catarinenses, como conferido nas pesquisas, concordam, assinam embaixo e exigem providências que tardam.
(Editorial, DC, 04/10/2011)