Riozinho prestes a sumir

Riozinho prestes a sumir

Uma das praias mais badaladas de Florianópolis sofre efeitos da natureza e perde faixa de areia
A praia de Florianópolis apontada por muitos como reduto das pessoas mais bonitas da ilha está transformada. O riozinho que dá nome ao badalado point tomou o acesso à praia após ter seu fluxo alterado. O acidente natural aconteceu na ressaca que atingiu a praia do Campeche. A solução até o momento é aguardar a própria natureza consertar o estrago.

O morador do Campeche Anderson Hernandes ficou impressionado ao ver os efeitos naturais. Ele levou o filho de três anos para brincar e ficou apreensivo.

– Esse lugar é um dos mais visitados. A situação requer uma atenção especial, pois pode ser perigoso para as crianças – avalia.

O muro de contenção construído após o avanço do mar na Armação intensifica a investida gradual do mar em toda orla. Há 90 dias uma determinação do Ministério Público Federal impede qualquer modificação para amenizar os problemas. O secretário Municipal do Meio Ambiente, José Carlos Ferreira Rauen, avalia que desde 2009 erosões marítimas sistemáticas são observadas no Sul e no Leste da Ilha.

– A composição das praias localizadas na face sul-leste da Ilha é a mais atingida. Os acessos desfeitos naturalmente terão de esperar uma nova ação da natureza para adaptação. Com a recomendação do MPF não podemos realizar nenhuma ação.

O diretor de eventos do estacionamento por onde passam a maioria dos visitantes da praia do Riozinho, Marco Antônio Santos, diz que essa é a primeira vez que a mudança toma proporções tão grandes.

– Estive na Ilha do Campeche na última semana e constatei que a faixa de areia também foi inundada. Nunca havia observado um ação tão expansiva, mas acredito que a própria natureza irá recompor o banco de areia que impedia o desvio da água.

O tubo de ferro, provavelmente um mastro de navio, está na praia há muitos anos e já ficou coberto pelas dunas várias vezes. Agora ele está aparente e toda a areia que estava embaixo foi levada pelo mar. Ironicamente, o grande tubo de ferro ficou como uma ponte sobre o riozinho, mas a utilização improvisada inspira cuidados de quem passa por ele.

O estudante Rodrigo Bueno, 19 anos, acredita que a mudança pode garantir o sossego.

– Quanto menos estruturas na praia maior a conservação. Observo que muitas pessoas não respeitam a natureza. Abandonam lixo por toda praia sem se preocupar com os resultados acumulados com o passar do tempo – diz.

(Por Joyce Santos, DC, 29/09/2011)

Contrapartida de show vira um mistério

O Riozinho também é protagonista na discussão sobre repasse de R$ 120 mil para a prefeitura anunciado pelos organizadores do evento Skol Music Park (show do cantor Ben Harper).

O vice-prefeito João Batista Nunes afirmou que lembra que os organizadores firmaram o compromisso.

– Mas não tenho conhecimento se a prefeitura recebeu ou não.

A Ambev informou que a verba foi repassada através de benfeitorias, entre elas a sinalização viária do local, e que outras já estão planejadas para os próximos meses.

O secretário do Meio Ambiente, José Carlos Ferreira Rauen, informou que não seria possível o repasse.

– Como a prefeitura possui apenas uma conta única não teria como direcionar o benefício. A organização do evento iria oferecer obras de proteção ambiental. Sobre as outras obras planejadas citadas pela Ambev, a prefeitura não tem conhecimento.

O Superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), Gerson Basso, garante que as exigências apontadas no relatório realizado por fiscais da fundação foram cumpridas pela organização.

– O Fundo Municipal do Meio Ambiente não recebeu. E também não tinha conhecimento sobre o repasse prometido pela organização.

(DC, 29/09/2011)