30 set O jeito de ser de Coqueiros
Bairro tem paisagem exuberante, baixa rotatividade de moradores e uma via gastronômica de dar água na boca
Paisagens exuberantes, ruas arborizadas, espaços para praticar esportes, comércio diversificado, quitandas e botecos antigos, via gastronômica com culinária local e internacional, e o mar. A Orla de Coqueiros tem opções de lazer e serviços, durante o dia e a noite, para os cerca de 50 mil habitantes dos quatro bairros presentes em seu litoral: Coqueiros, Itaguaçu, Bom Abrigo e Abraão.
Os charmosos bairros da orla, com suas ruas principais movimentadas, vizinhos que se conhecem há anos, feiras livres, esquinas, restaurantes, botecos, escolas de inglês, lojas de moda feminina, clubes, praças, bancos para se sentar e o som de passarinhos e aves marinhas são um convite para o morador sair de casa e desfrutar a qualidade de vida que a região oferece. Por isso, muita gente não troca a região por lugar algum na Ilha, inclusive os garis da Comcap, que trabalham há mais de 10 anos ali.
– No intervalo, olhamos a natureza – dizem em coro os garis Vani Pereira e Leandro Lopes.
Coqueiros, por exemplo, tem toda essa oferta e ainda um parque com vista para a Baía Sul, pista de corrida, campos de futebol e parquinho. O Parque de Coqueiros foi criado pelos moradores e é desfrutado por gente de outros bairros, por estrangeiros que adotaram o bairro para viver e por aqueles que nasceram na região, como a técnica em administração Júlia Beck, 28 anos.
Júlia nasceu em Itaguaçu, mora em Coqueiros com as filhas Daniela, dois anos e meio, Ananda, sete meses, e o marido Marcelo, que também nasceu no bairro. Seus pais vivem no Bom Abrigo. A avó e o tio também moram perto.
– Nunca vamos querer sair daqui. Imagina passar todos os dias por esse marzão? Vicia! – brinca Júlia, que curte fazer a feira em Itaguaçu com as duas filhas, a mesma onde sua mãe comprava frutas para ela.
Encontrar conhecidos quando sai de casa é um programa rotineiro na vida de Júlia, que passou sua infância em Itaguaçu. Ela lembra que saía de casa só de biquíni e toalha e pulava direto na praia. No verão, a criançada não saía da água.
(Por Gabriela Rovai, DC, 30/09/2011)
Comer, caminhar, namorar…
À noite, a Orla de Coqueiros ganha as luzes dos carros e dos restaurantes. Gente andando nas calçadas, brindando nas mesas dos bares, casais namorando nos decks das praias. Entre as opções gastronômicas de Coqueiros, está o famoso Cachorro Loko, um trailer que há 11 anos atrai clientes do bairro e da região.
O professor George Pinheiro, 37 anos, há tempos saboreia o cachorro-quente, que considera o melhor da cidade. George mora desde os nove anos em Coqueiros e sempre leva o filho Henry, 10 anos, para comer o lanche.
– É ótimo. Venho desde pequeno – conta o menino.
O casal Tarcísio Eberhardt, 54 anos, autônomo, e Elin Seryno, 58, professora, mora há 20 anos em Coqueiros e frequenta a Via Gastronômica, como a Di Taroni Trattoria.
– Coqueiros é o melhor lugar de Florianópolis. É perto do Centro, tem praia, parque e uma comida muito boa – conta Tarcísio.
– Não tomamos banho de mar, mas tomamos cerveja! – brinca Elin, que antigamente andava de caiaque na Praia do Meio, em Coqueiros, com a filha Júlia, que hoje tem 31 anos e é bancária.
– Tem tudo aqui no bairro. Eu brincava, estudava, fazia tudo aqui. Quase nunca ia para a Ilha – conta Júlia, que mora no Rio de Janeiro com o marido, o artista plástico Gustavo Moreira, 32 anos.
(DC, 30/09/2011)
Paisagem para pensar
Os decks que margeiam a areia e seguem até o mirante que liga a Praia das Palmeiras com o Bairro Bom Abrigo estão em más condições e cheio de buracos, mas o arquiteto Eduardo Castells, 68 anos, não dispensa seus passeios matinais para “pensar melhor”.
Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e natural da Argentina, Castells adotou Itaguaçu há 26 anos e não troca o bairro por nenhum outro.
– Aqui tem uma grande coisa que é a baixa rotatividade de moradores. Todo mundo se conhece, são vizinhos da vida inteira, as relações são mais sólidas. Sentimos que pertencemos à cidade e a cidade pertence a nós – observa.
Para ele, a vida em sociedade supõe basicamente relações de bairro:
– Os botecos antigos permanecem em bairros como Coqueiros. São neles que os homens se juntam para ver e comentar o futebol. Além disso, tem muito morador nativo aqui, o que contribui para a conservação da identidade local.
O professor lembra, ainda, que a orla tem um grande trunfo turístico: a paisagem.
– Todos os dias tem gente batendo fotos na orla. Castells, há 26 anos no bairro.
(DC, 30/09/2011)