Fim do planeta econômico

Fim do planeta econômico

Artigo escrito por Backer Ribeiro – Relações públicas, doutoriado em ciências de comunicação (DC, 13/09/2011)

Sustentabilidade só será possível se a questão econômica não se sobrepuser às questões sociais e ambientais. Será preciso implodir o planeta econômico. As empresas deverão promover um equilíbrio em relação ao tripé da sustentabilidade. Qual é a percentagem de empresas que está investindo nas questões sociais e ambientais, além das econômicas? Há equilíbrio do Triple Bottom Line? Não podemos chamar uma empresa de sustentável, ou socialmente responsável, se ela não tem equilibrado o seu tripé econômico, social e ambiental.

Sabemos que equilibrar balanças não é uma expertise brasileira. Basta ver a distribuição de renda neste país. Sustentabilidade é qualidade de vida. É condição mínima para que as pessoas vivam dignamente. É preservar os bens naturais em benefício da humanidade. Portanto, e definitivamente, desenvolvimento social não é crescimento econômico. Para provar, basta olhar para os dois principais índices, o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a riqueza de um país, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o quanto um país é, de fato, desenvolvido.

Somos o sétimo país mais rico do mundo. Nosso PIB cresceu 7,5% em 2010, a maior taxa desde 1985, e alcançou aproximadamente R$ 3,5 trilhões. Mas para onde vai todo esse dinheiro? Sabe-se que 16 milhões de pessoas, 8,5% da população brasileira, vivem abaixo da linha da pobreza, com rendimento menor ou igual a R$ 70 por mês. Mal conseguem atender suas necessidades básicas, como comprar comida, por exemplo. Entretanto, desde 2000, o Brasil vem crescendo economicamente, saltando da nona para a sétima colocação entre os países mais ricos. Apesar dessa riqueza toda, o IDH em 2010 colocou o Brasil na posição 73 entre 169 países. Longe dos 10 países mais desenvolvidos do mundo, como Noruega, Austrália, Irlanda, Canadá e Suécia.

O pensamento econômico não pode continuar norteando a vida no planeta – muito menos no Brasil. O que é economicamente viável não pode ser o fator determinante para as empresas continuarem a produzir seus bens e serviços para o conforto da vida moderna e para gerar lucro para seus acionistas. Portanto, sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável é muito mais do que investir em práticas de gestão que não agridam o meio ambiente. É um novo modelo de desenvolvimento. As empresas precisarão promover uma quebra de paradigma em relação ao modelo de desenvolvimento econômico de hoje. Como fazer? Esse é o desafio!