Falta de mobilidade em Florianópolis encarece transporte público

Falta de mobilidade em Florianópolis encarece transporte público

No dia sem carros (quinta, 22), secretaria de Transportes discute, na CDL, desoneração dos custos da tarifa de ônibus
Nesta semana diversas cidades no mundo promovem o Dia Mundial sem Carro. A data, comemorada nesta quinta (22/09), é de especial interesse para quem mora, estuda e trabalha na Grande Florianópolis, região que ficou em último lugar entre as capitais do país em pesquisa sobre mobilidade feita pela Universidade de Brasília (UnB). O resultado é cada vez mais tempo gasto em engarrafamentos, impaciência e custo para a população – seja no combustível do carro particular ou na tarifa do transporte. Nesta quinta, às 14h, a Secretaria Municipal de Transportes promove no auditório da CDL de Florianópolis uma palestra sobre a desoneração das tarifas do transporte – uma forma de estimular o uso dos coletivos e reduzir os congestionamentos.
Na avaliação de Waldir Gomes, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf), a falta de mobilidade, além de encarecer o sistema, atrapalha os itinerários. “O principal problema é a velocidade. Hoje circulam 25% a mais de ônibus necessários para operar a cidade devido à baixa velocidade nos deslocamentos. Se, em vez da média atual de 8km/h, o percurso fosse feito a 18km/h, poderiam ser retirados de circulação de 60 a 70 veículos”, destaca.
Em 2002, antes da implantação do sistema integrado no município, eram necessários 14 veículos para atender a linha Rio Tavares – Centro, com tempo médio de 15 minutos de deslocamento. “Hoje são utilizados até 24 ônibus para o mesmo trecho e o tempo médio chega a 35 minutos de percurso”, ressalta Gomes. Entre as alternativas sugeridas pelo presidente do Setuf para melhorar o transporte coletivo de Florianópolis está à construção de vias segregadas, que seriam utilizadas apenas por ônibus, táxis e ambulâncias, nas avenidas Mauro Ramos e Beira-Mar, no espaço onde hoje existem os canteiros centrais.
O presidente da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (ViaCiclo), Daniel de Araujo Costa, acredita que os corredores exclusivos para ônibus deixariam o transporte coletivo mais ágil, menos poluente e mais barato. Ele afirma que o problema da mobilidade urbana na capital está centrada na falta de opção de modais. “É preciso priorizar o transporte ativo, a caminhada, a bicicleta e o coletivo. O carro, para a mobilidade urbana, é a ultima e pior opção”, afirma. Mas em muitos casos, é a única. Como nos bairros mais adensados da cidade, que cresceram sem planejamento algum, e que os motoristas de ônibus sequer conseguem entrar, o que obriga os usuários precisam caminhar de dois a três quilômetros para chegar a um ponto de espera. “Nos dias de chuva esse quadro é pior ainda, pois o cidadão que tem carro e precisa andar mais de 500 metros para pegar o ônibus opta pelo veículo próprio, o que congestiona ainda mais o trânsito da ilha”, acrescenta Waldir Gomes.
Nas contas do dirigente da ViaCiclo, 82% dos carros que circulam na cidade transportam apenas uma pessoa. “Cerca de 20% a 30% das pessoas que moram em bairros próximos do centro poderiam utilizar a bicicleta, não fosse a falta de respeito com os ciclistas e a ausência de um lugar adequado para guardá-la”, destaca Araujo. “Enquanto o transporte individual motorizado for priorizado pelos governantes”, opina, “nada vai mudar”.
(Palavracom, 21/09/2011)