O cotidiano de quem fica cara a cara com a obra da SC-401 em Florianópolis

O cotidiano de quem fica cara a cara com a obra da SC-401 em Florianópolis

Além de conviver com o fluxo de tráfego pesado e as filas, inúmeros moradores e comerciantes disputam espaços com as gigantescas máquinas

São quase 150 longos dias convivendo com transtornos. Assim tem sido a vida das pessoas que moram ou trabalham nas comunidades ao longo das rodovias SC-401 e SC-405, que ligam o Centro ao Norte e Sul da Ilha, respectivamente. Desde abril deste anos, na 401, e de maio, na 405, além do trânsito pesado, os moradores têm convivido com as obras de ampliação destas estradas. Barulho, falta de energia elétrica, insegurança gerada pelo trânsito complicado se incorporavam ao cotidiano das pessoas.

Os 122 pequenos alunos da creche municipal da Vargem Grande, às margens da SC-401, em Florianópolis, voltaram às aulas no segundo semestre e se depararam com o pátio sem o parquinho. Tudo porque, com a duplicação da rodovia, o muro da creche teve que ser recuado durante as férias, e os brinquedos ainda não puderam ser recolocados.

Porém, os problemas das crianças não giram apenas em torno do parquinho. “Tivemos que lutar para que funcionários permanecessem com sinalizadores durante os horários de entrada e saída das aulas”, conta a diretora da creche, Juliana Dias de Souza, que, desde o início da duplicação, precisa ter cuidado redobrado ao trazer a filha Isadora de cinco anos para as aulas da creche. “Os pais reclamam muito porque nem mesmo um ponto de ônibus nós temos perto da escola”, sinaliza.

Em frente à creche, a única faixa de pedestres está apagada e, por causa da falta de sinalização, o auxiliar João José Queiroz, 56, quase foi atropelado por um motociclista que não respeitou a orientação dos sinalizadores. “Sinto medo por mim e pelas crianças que precisam enfrentar esse trânsito”, reclama.

Ao Sul da Ilha, na SC-405, o cotidiano do marceneiro Pedro Tavares, 40, mudou depois que a obra de duplicação começou. “Eu preciso sair de casa mais cedo para chegar aqui em tempo porque as filas estão cada vez maiores”, conta Tavares que ainda convive com a baixa procura na marcenaria onde trabalha. “As pessoas não querem enfrentar esse trânsito”, diz desanimado.

Uma oportunidade em meio à obra

Até a chegada do verão, quando a duplicação da SC-401 deve terminar, Nilcimar Assis, proprietária de uma loja de móveis às margens da rodovia, nem se importa em ter que espanar os móveis e varrer o chão todos os dias em virtude da poeira que vem da rodovia. “Para mim está ótimo, porque os carros passam mais devagar por aqui e enxergam a minha loja. Vou aproveitar esse tempo para mostrar meu trabalho”, comemora Nilcimar, que com a presença das máquinas e tratores ainda ganhou algumas vagas extras de estacionamento.

Cinco metros do muro da vidraçaria de Carlos Alberto Souza Junior ainda serão removidos, mas essa notícia não deixou o proprietário desconfiado. “Estamos ansiosos para que a obra acabe de uma vez e melhore o trânsito da região”, aguarda Carlos.

Enquanto isso, a professora Juliana Ribeiro teve parte da casa demolida na SC-405 e agora planeja mudar-se para outro bairro. “Vamos aproveitar essa oportunidade e no fim do ano demolir o resto da casa para fazer a mudança”, diz.

E quando acabar?

Na creche da Vargem Grande, o medo do trânsito na SC-401 se multiplica entre pais e professores com a proximidade do fim da duplicação. Tudo porque quando a obra ficar pronta, o único lugar onde os pais poderão deixar os filhos é a própria marginal da rodovia. “Uns vinte metros à frente da creche será instalado o ponto de ônibus. Temos medo desse trecho que as crianças precisarão percorrer ao lado dos carros”, lembra a diretora da creche, Juliana Dias de Souza. Além do mais, nem mesmo estacionamento a instituição terá disponível. “Vamos solicitar que a entrada da creche seja feita pelo lado, para tentar minimizar o contato das crianças com a SC”, completa a diretora.

Sobre a instituição, o presidente do Deinfra (Departamento de Infraestrutura de Santa Catarina), Paulo Meller, diz que não há o que se fazer a mais para garantir a segurança dos alunos. “Infelizmente não podemos agradar a todos. O projeto já estava pronto e vamos atender tudo o que for possível”.

Números das duplicações

SC-401 – ligação entre o Centro e o Norte da Ilha

Trecho: 4 quilômetros entre Jurerê e Ingleses (trecho I) 2,5 km entre Canasvieiras e Ingleses (trecho II)

Tráfego diário: 40 mil veículos

Investimento: trecho I – R$ 16 milhões trecho II – R$ 6 milhões

Início da obra: abril de 2011

Entrega da obra: dezembro de 2011

SC-405 – ligação entre o centro e o sul da ilha

Trecho: 2,6 quilômetros entre o Trevo da Seta até a ponte do Rio Tavares

Tráfego diário: 35 mil veículos

Investimento: R$ 11 milhões

Início da obra: maio de 2011

Entrega da obra: dezembro de 2011

(Por Saraga Schiestl, ND, 12/08/2011)