30 ago Chuva alaga ruas no Norte e Sul de Florianópolis
Moradores afirmam que situação só tem piorado nos últimos tempos. Única solução é pavimentação com drenagem, diz Secretaria de Obras
Mal chove e ruas de bairros como Rio Vermelho, Ingleses, Campeche e Tapera, na Capital, ficam tomadas pela água. “Bastou fechar o tempo para a estrada ficar alagada”, resume o comerciante João Milton da Silva Alves, 39, morador da servidão Beira-rio, no Rio Vermelho, Note da Ilha. O nome não é por acaso. Embora nenhum rio passe por perto, a explicação é revelada com a chuva. “O rio está bem aqui”, diz o morador, apontando para o meio da rua.
Há cinco anos no local, o comerciante cansou de levar carros à oficina com problemas por terem passado dentro d’água. Vizinho de Alves, o pedreiro Valdir dos Santos, 31, precisou da ajuda dos amigos para empurrar o veículo comprado há seis meses, que não superou a profundidade das poças. Mas o problema não é apenas o automóvel. “Não há espaço para as pessoas caminharem”, reclama Alves.
Mais a frente, na mesma servidão, a moradora Marli Alves colocou a casa à venda. “Está cada vez pior. O motor do portão parou de funcionar porque entrou água. Tive que levantar o piso aqui da frente porque alagava dentro de casa”, afirma Marli, que diz não lembrar a última vez que a servidão recebeu manutenção.
Ainda no Rio Vermelho, na servidão chamada Caminho do Arvoredo, o caminho foi invadido pelas poças d’água. “Já prometeram calçar e fazer drenagem, mas não acredito mais. Choveu um pouquinho e enche de buraco e água acumulada”, relata a estudante Andressa Carvalho, 25. A família dela precisou fazer uma contenção de terra para evitar que a chuva invada a moradia, como aconteceu no verão.
Problemas com alagamentos não são exclusivos de vias sem pavimentação. A servidão Silveira, nos Ingleses, recebeu calçamento, mas a água está acumulada. “Os bueiros estão entupidos. O problema é antigo. Alguns vizinhos já se mudaram por causa disso”, conta a moradora Isis Aline da Silva, 30, que acabou com as meias molhadas ao tentar sair de casa.
Rua é problema no Campeche
A água parada no meio da rua Sabino Anísio da Silveira, no Campeche, é como uma pedra no meio do caminho para os moradores. Sem ruas transversais, idosos, adultos e crianças têm que andar quilômetros para conseguir desviar o “lago”, que se formou. “Tenho que dar a volta na quadra para pode ir trabalhar”, reclama a aposentada Iracema Silvestre Minatto, 65.
“Aqui no Campeche quase não temos ruas transversais”, observa a arquiteta Mariana de Sá Rodrigues da Silva. “Isso dificulta a vida de quem não depende do carro e tem que dar uma volta muito grande”, observa. “Já prometeram fazer a pavimentação, mas até agora nada. Querem fazer 800 metros, mas queremos a rua inteira”, reclama Auxílio de Assis, 70. “Nem o transporte escolar passa mais pela rua, a gente tem que dar a volta na quadra com as crianças”, conta Gisely Martins,30. (Mônica Foltran)
Solução apenas com pavimentação
De acordo com o secretário de Obras da Capital, engenheiro Luiz Américo Medeiros, praticamente 100% das ruas pavimentadas da cidade têm sistema de drenagem pluvial, com exceção de algumas vias da parte mais antiga do Centro. O problema dos alagamentos no Norte da Ilha, segundo Medeiros, será resolvido com uma obra de drenagem que o município começou a executar nos Ingleses, mas foi suspensa após embargo da Fatma por falta de estudos ambientais. O município trabalha para resolver a pendência.
O secretário afirmou que a servidão Caminho do Arvoredo, no Rio Vermelho, e a rua Sabino Anísio da Silveira, no Campeche, receberão pavimentação e drenagem até o fim do ano. A servidão Beira-rio, no Rio Vermelho, sem calçamento e escoamento de água da chuva, ainda não foi contemplada nos projetos da Secretaria de Obras. “Não dá para resolver o problema da drenagem sem pavimentação das ruas”, afirma Medeiros (Maiara Gonçalves).
(Por Maiara Gonçalves, ND, 29/08/2011)