O lixo de cada dia

O lixo de cada dia

Florianópolis e mais 20 cidades do entorno, a partir do ano que vem, terão que dar outra solução ao problema da destinação do lixo que produzem, caso se confirme a hipótese da desativação do aterro sanitário de Biguaçu. O município vai revisar seu Plano Diretor, e a prefeitura enviará à Câmara de Vereadores projeto de lei para impedir a entrada do lixo oriundo de outras comunidades. Trata-se de decisão que encontra amparo na nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, que foi recentemente definida. Ela estatui ser o destino final do lixo uma responsabilidade da cidade que o produziu.

Se a situação cria um problema grave, que demanda soluções rápidas diante da exiguidade do tempo para as providências necessárias, ela também pode ser vista como uma oportunidade para que sejam adotadas alternativas mais eficientes para a destinação dos dejetos produzidos pela nossa “sociedade do consumo e do descartável”. Cada pessoa que mora em aglomerados urbanos produz, em média, cinco quilos de lixo por semana. Assusta.

O Atlas de Saneamento Básico do IBGE revela que, entre os mais de 5,5 mil municípios do país, 63,3% depositam seus resíduos em lixões a céu aberto, e sem nenhum tratamento; que aterros sanitários adequados, como o de Biguaçu, estão presentes em apenas 13,8%, e só 8% deles dispõem de coleta seletiva. O descaso e a escassez de investimentos no setor de saneamento – que inclui, com peso específico, a adequada destinação final do lixo – comprometem a qualidade de vida da população e do meio ambiente.

Na Europa e nos Estados Unidos, as cidades adotam soluções mais adequadas, mais eficazes e ambientalmente compatíveis. As tecnologias para tanto estão disponíveis. Ao mesmo tempo, há que ser incentivada, cada vez mais, a reciclagem. Nossos administradores públicos devem pensar nisso o quanto antes.

(Editorial, DC, 01/07/2011)