27 jun O que você pensa sobre o lixo
Pesquisa da Fiocruz mostra que a maior parte das pessoas não percebe os perigos do lixo orgânico
Quais são as percepções da sociedade em relação ao lixo? Foi na busca de responder essa e outras questões relacionadas aos resíduos sólidos que a bióloga Caroline Porto de Oliveira defendeu sua pesquisa Lixo: Problemas, Caminhos Possíveis e Práticas Diárias na Percepção do Cidadão na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).
O trabalho concluiu que o lixo, na quantidade produzida e da forma como é tratado atualmente, é considerado fonte de grande impacto ambiental, como contaminação atmosférica, do solo e dos corpos hídricos, aumento na probabilidade de enchentes e impacto na fauna por meio de sua ingestão. Ao abordar a composição, o plástico foi considerado o componente mais prejudicial, seguido por vidro, metais e papéis.
Durante oito anos, Caroline atuou no projeto denominado Recicloteca, desenvolvido pela ONG Ecomarapendi e com sede no município do Rio de Janeiro. Lá, manteve contato com diferentes pessoas que, por algum motivo, se interessavam pelo tema e procuravam a instituição para se orientar a respeito do lixo.
– Tive contato com estudantes do Ensino Médio, alunos de graduação, pós-graduação, comerciantes, jornalistas, profissionais da área ambiental, síndicos e, na grande maioria das vezes, percebi que o assunto lixo incomodava por alguma razão. Eles identificavam como aspectos negativos a poluição ambiental e os possíveis danos à saúde, mas também vinham buscar informação sobre a coleta seletiva e reciclagem. Com essa experiência, desenvolvi o trabalho cujo destino é realizar uma análise do lixo a partir das percepções e práticas sociais. O que fazemos com nossas sobras? O que pensamos sobre elas? Esses foram alguns questionamentos.
Com base em entrevistas, realizadas com 25 adultos, Caroline identificou a necessidade de investimento no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos envolvendo as esferas pública, privada e da sociedade civil, prover uma educação a fim de estimular a participação social e dar ênfase ao resíduo orgânico, um componente visto como pouco prejudicial, porém com grande potencial de contaminação ambiental e danos à saúde na quantidade gerada e da maneira como é disposto.
– Apesar de o resíduo orgânico ser considerado menos prejudicial, há, de fato, uma visão dúbia com relação a esse material, ora visto sob uma conotação negativa por conter patógenos e pelo odor, ora tido como inofensivo por ser de rápida decomposição – admitiu a bióloga.
(Fiocriz, ClicRBS, 27/06/2011)