Mobilidade em questão

Mobilidade em questão

Reportagem publicada em nossa edição de ontem fez um levantamentos dos diversos projetos que têm como propósito solucionar o problema da mobilidade urbana na Grande Florianópolis. Primeira conclusão: projetos não faltam, mas, até agora, salvo uma ou outra obra apenas cosmética, nenhum deles, com maior alcance e validade, saiu do papel ou do difuso reino das intenções, enquanto o problema se agrava a cada dia. Este tormento incorporou-se ao cotidiano dos moradores da região, a maioria dos quais perde mais de três horas por dia em seus deslocamentos entre a casa e o trabalho. Hoje, um cidadão chega a gastar mais com transporte do que com alimentação.
Aumento exponencial da frota de veículos, ineficiência e decrepitude do transporte público, ancorado exclusivamente em ônibus, e falta de planejamento urbano integrado e de longo prazo estão na raiz do problema, que degrada a qualidade de vida dos cidadãos e provoca avultados prejuízos à economia regional.
Construir mais um elevado aqui, duplicar outra avenida ali são obras importantes, sim. Mas em pouco tempo, em meses, talvez, como muitas outras, estarão superadas pela demanda. Somente uma política de planejamento urbano, acima das administrações federais, estaduais e municipais que se revezam, uma política voltada para o futuro, bem estruturada e gerida com firmeza poderá mudar este quadro.
Isto começará a ser feito no dia em que as cidades deixarem de ser planejadas quase que exclusivamente em função do automóvel. Neste cenário, a prioridade das prioridades é a adoção de sistemas mais eficientes, mais seguros e econômicos para o transporte de massas.
(Editorial, DC, 24/05/2011)