Audiência sobre a Hercílio Luz será última oportunidade de debate antes do anúncio de medidas do governo

Audiência sobre a Hercílio Luz será última oportunidade de debate antes do anúncio de medidas do governo

Desde que o consórcio responsável pela restauração da Ponte Hercílio Luz publicou um relatório alarmando para uma possível queda do monumento, a mídia catarinense e a própria comunidade não param de especular: “Será que a ponte vai realmente cair” ou “O que foi feito com o dinheiro já investido”, e ainda, “Será que o monumento é apenas um consumidor de gastos públicos, que nunca será concluído”.
Para esclarecer questões a respeito dos projetos, planos e andamentos das obras de recuperação da ponte, será realizada na próxima quarta-feira, 11 de maio, às 16h, uma audiência pública na Câmara Municipal. Protocolada após aprovação de requerimentos apresentados pelos vereadores Dalmo Meneses (PP) e Celso Sandrini (PMDB), a reunião será a última oportunidade de debate antes do anúncio de medidas pelo governo estadual no dia 13 – quando a comissão criada para acompanhar a liberação de recursos e execução das obras será oficialmente instalada.
Para a audiência foram convidados representantes de instituições municipais e estaduais responsáveis pelas obras, membros da comissão criada pelo governo e os autores do relatório de riscos de colapso. O convite estende-se a toda a população, que terá a oportunidade de questionar e expressar sua opinião em relação ao futuro do maior patrimônio histórico de Santa Catarina.
A reunião ocorrerá em âmbito da Comissão de Turismo e Assuntos Internacionais. Entre os convidados estão entidades ligadas à infraestrutura, turismo, urbanismo, obras, comércio, patrimônio, associação de engenheiros e arquitetos e universidades da Capital. Todas as demais secretarias e entidades que possuam interesse em participar, também estão convidadas.
(Câmara Municipal, 09/05/2011)
Seminário vai discutir a recuperação da ponte Hercílio Luz
A ponte Hercílio Luz, cartão postal de Florianópolis, está fechada para tráfego há anos por causa do risco de desabamento, e é para discutir esta situação e as alternativas para recuperar a ponte que será realizado o III Seminário sobre a Recuperação da Ponte Hercílio Luz, na quinta-feira, às 9h, no Auditório da Reitoria. O evento terá a exibição do filme “Ponte Hercílio Luz Patrimônio da Humanidade”, de Zeca Pires, diretor do DAC/SeCArte, palestras de arquitetos e engenheiros sobre a importância da ponte e os caminhos para colocá-la em segurança, e um debate entre professores da UFSC que irão discutir questões técnicas.
O primeiro seminário, realizado em 1995, teve como resultado o tombamento da ponte como patrimônio histórico e artístico. No seminário do ano seguinte foi elaborado um pré-projeto de recuperação com a colaboração de profissionais da UFSC. Neste ano, segundo o economista e organizador, Luiz Galvão, as discussões do evento têm caráter de urgência: os trabalhos de recuperação devem ser feitos não só para impedir que a ponte caia, mas também para minimizar os problema de trânsito da Ilha. “Hoje passam por dia cerca de 210 mil carros nas pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos, com a recuperação da ponte Hercílio Luz, 80 mil poderiam passar por lá. Isso seria um alívio para o trânsito que está cada vez mais caótico”, diz o organizador.
Programação
9h – Sessão de abertura
Abelardo Pereira Filho – Presidente da Associação Catarinense de Engenheiros (ACE)
Alvaro Toubes Prata – Reitor da UFSC
Deputado Valdir Cobalchini – Secretário de Estado de Infraestrutura
9h15 – Exibição de filme
“Ponte Hercílio Luz Patrimônio da Humanidade” – Zeca Pires
9h45 – Coffee Break
10h – Palestra
“A importância da ponte Hercílio Luz” – Dalmo Vieira, arquiteto e diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
10h20 – Início do painel
Palestra: A situação atual da ponte Hercílio Luz e os caminhos para se colocar a ponte em segurança
Khaled M. Mahmoud – Engenheiro e consultor internacional do projeto de recuperação da ponte Hercílio Luz
Jür Jewe H. Maertens – Engenheiro e consultor nacional do projeto de recuperação da ponte Hercílio Luz
Cássio Magalhães – Engenheiro e coordenador de obras de recuperação da ponte Hercílio Luz
11h20 – Debate
Professor Edson da Rosa – Diretor do Centro Tecnológico da UFSC
Professor Ivo José Padaratz – Departamento de Engenharia Civil da UFSC
Professor Moacir Henrique de Andrade Carqueja – Departamento de Engenharia Civil da UFSC
Professor Mario César Coelho – Departamento de Arquitetura da UFSC
Engenheiro Carlos Bastos Abraham – Federação Nacional dos Engenheiros
Professor Honorato Tomelin – Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC
12h – Encerramento
Mais Informações: Luiz Galvão – 99898250 e Claude Faria – 84197845.
(DeOlhoNaIlha, 09/05/2011)
Réplicas de beleza e curiosidades
A beleza da Ponte Hercílio Luz foi reproduzida em três réplicas ao longo da história, duas em ouro e uma em madeira. As histórias dessas miniaturas são cheias de polêmicas e curiosidades, assim como a história da própria ponte. A primeira, em madeira, tinha 18 metros, e foi feita só para que o governador Hercílio Luz pudesse fazer a inauguração simbólica, já que devido à sua saúde comprometida, dificilmente sobreviveria para ver a ponte verdadeira pronta. A segunda réplica é uma joia em ouro de 33 centímetros, que em 20 anos só foi exposta duas vezes. A obra fica trancada em um cofre. A terceira miniatura foi feita pelo mesmo ourives, Juan Alves, como forma de protesto, para que a réplica possa ser exposta para visitação dos catarinenses e turistas.
Feita só para o governador
A primeira réplica da Ponte Hercílio Luz foi feita antes mesmo de sua inauguração. E foi a única ponte que o idealizador da obra, governador Hercílio Luz, viu antes de sua morte. Foi construída exclusivamente para que ele realizasse a inauguração simbólica, já que pelo seu estado de saúde, havia o risco dele não estar vivo para presenciar a inauguração.
Em madeira, com extensão de 18 metros, ela foi colocada entre o Miramar e a Praça XV, no Centro da Capital. O governador atravessou apoiado em uma bengala, já muito doente, naquele que foi seu último ato público, em 8 de outubro de 1924. Após 12 dias, morreu devido ao câncer.
A ponte de 5 mil toneladas de aço, que começou a ser construída em setembro de 1922, estava com as torres erguidas e iniciava o processo inovador de montagem do vão pênsil. No dia 13 de maio de 1926, a chamada “colosso de aço” foi inaugurada para suportar trens, veículos, pedestres e uma tubulação de água. Já a miniatura em madeira foi demolida após a inauguração e o único registro fotográfico que se tem conhecimento está no livro Hercílio Luz – Uma Ponte (foto acima).
(Por Dayane Nunes, DC, 08/05/2011)
Tão valiosa que até hoje poucos a viram
Ela é uma espécie de “joia da coroa”. Em 20 anos, só foi exposta duas vezes, tamanha a valiosidade de uma réplica da Ponte Hercílio Luz em ouro, com acabamento em prata e sobre uma base de pedra ágata, sobreposta a uma estrutura de madeira cedro. A obra, que pertence ao governo do Estado, está guardada em um prédio público da Capital, dentro de um cofre de segurança.
Em 1989, o ourives argentino Juan Alves reproduziu a ponte em 33 centímetros, com 127 gramas de ouro 18 quilates e 106 gramas de prata 950. A primeira vez que os catarinenses tiveram a oportunidade de conhecê-la foi em 1991, quando chegou ao Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis. Foi apenas um dia de visitação e a réplica foi guardada.
A partir daí, ninguém mais soube onde estava. Teve gente duvidando que ela existia ou que havia sumido. O próprio ourives Juan Alves diz que foi até o Palácio, mas não teve informações.
– A peça foi feita por mim. Por isso, tenho direito de ver. Mas, mesmo assim, nunca vi a minha obra exposta.
Neste ano, a “joia” reapareceu em público na comemoração do centenário da casa de campo do governador Hercílio Luz, em Rancho Queimado. A réplica, porém, só foi observada por políticos e familiares. Segundo o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli de Souza, para o deslocamento da peça da Capital até o local foram necessárias duas viaturas do Batalhão de Operação Especiais e segurança especial na casa de campo.
Souza disse que a peça nunca foi avaliada, mas o valor histórico é incalculável. Por enquanto, a peça deve continuar “escondida”, pois não há aparato de segurança para permitir a visitação.
– É preciso colocar detector de metal na entrada da sala, segurança 24 horas e mobiliário blindado.
A proposta dele é reestruturar o Palácio Cruz e Sousa para colocar a réplica para visitação do público.
(DC, 08/05/2011)
Uma cópia fiel, desta vez para o público
Foi a vontade de ver a réplica da Ponte Hercílio Luz exposta ao público que fez o ourives Juan Alves, 57 anos, autor da primeira miniatura, criar outra peça idêntica. Foram mais de 514 horas de trabalho para transformar 127 gramas de ouro 18 quilates em uma obra de arte. Alves é argentino, mas já vive na Capital há 22 anos. Ele tem uma admiração especial pela Ponte Hercílio Luz e ficou decepcionado com o fato da sua criação ficar longe dos olhos do público e também dos dele.
– A peça é minha e tenho que pedir para ver. Fiz a segunda réplica só de birra. A ponte é nossa identidade. Paris tem a Torre Eiffel. O Rio de Janeiro, o Cristo Redentor. E Santa Catarina, a Hercílio Luz.
Em 2009, um aluno de seu curso de joias, diante da frustração do professor de não ver sua obra exposta aos catarinenses, ofereceu a matéria-prima para fazer a réplica. Ele é o proprietário da Moulin Rouge Joalheria, localizada em um shopping da Capital. O custo da matéria-prima – que levou além do ouro, 106 gramas de prata 950, pedra ágata e a madeira nobre – foi de R$ 14 mil, sendo R$ 7 mil só de ouro.
– Quero vender a peça para alguém que tenha vontade de colocá-la para visitação. Não precisa de um esquema de segurança, porque se derreter a peça para vender o ouro, não terá tanto valor. O custo dela é histórico. É uma obra de arte – defende.
Ele tentou vender a peça para a Câmara dos Vereadores de Florianópolis e a Assembleia Legislativa, mas por causa da burocracia, não conseguiu apresentar a obra para a direção dos órgãos.
– Nem que me ofereçam R$ 100 mil, eu não faria outra. É uma obra cara e trabalhosa. Dizem que a Ponte Hercílio Luz pode cair. Daqui a pouco, só vai ter a minha réplica para lembrar.
Alves vai realizar seu sonho e expor a peça no aniversário da Ponte Hercílio Luz, no dia 13 de maio, na joalheria. Além disso, o artista gostaria de ver a sua inspiração aberta para o trânsito de veículos de passeios e fluxo de pedestres.
(DC, 08/05/2011)