04 abr Praias moribundas
Não será exagero dizer que, em matéria de saneamento básico, o Brasil é um verdadeiro caso de polícia. Quase 60% dos brasileiros não dispõem de redes para a coleta de esgotos, e mais de 80% dos resíduos gerados são lançados diretamente nos rios sem qualquer tipo de tratamento. Em decorrência, males como diarreia, dengue, hepatite A, febre tifoide e malária, entre outros transmitidos por águas contaminadas, resultam em milhares de mortes anuais, especialmente de crianças. O descalabro atinge Santa Catarina com intensidade assustadora, como agora foi, mais uma vez, confirmado por uma análise dos relatórios da balneabilidade das praias: ao longo do litoral, foram identificados 58 pontos críticos para o banho, 27 em Florianópolis.
Significa que, além de constituírem um risco constante à saúde da população, a falta de esgotos e o lançamento de dejetos nas águas ameaçam, também, o mais atraente patrimônio turístico do Estado: suas praias paradisíacas, uma parte delas transformadas em verdadeiras cloacas ao sol. Pergunta-se até quando elas continuarão a atrair visitantes e a sustentar uma atividade econômica que garante milhares de empregos, permanentes e sazonais, e injeta recursos indispensáveis à manutenção do ritmo do desenvolvimento socioeconômico de Santa Catarina. Parece que, como na fábula, estamos matando a “galinha dos ovos de ouro”…
E não faltam apenas investimentos em saneamento básico. Falta fiscalização e falta punição severa aos donos de imóveis que despejam suas imundícies nas águas. Enquanto isso, o comportamento irresponsável – e criminoso – prospera incontido, como pode ser conferido em praias (?) como Pontas das Canas e Canasvieiras, na Capital, ou em Itapema e Porto Belo, a título de exemplos.
(Editorial, DC, 04/04/2011)