18 abr Comunidade da Caeira briga pela permanência de área de lazer
Falta de consenso entre administradores coloca em xeque uso do espaço cedido pela Prefeitura de Florianópolis
Uma reunião foi realizada na tarde deste sábado para discutir o futuro do espaço de lazer que a comunidade da Caeira do Saco dos Limões utiliza. O local, com quadra de esporte e salas para cursos de pinturas, artes e dança, fica junto às instalações da escola de samba Consulado. Com um acordo de comodato feito há mais de 20 anos, a Prefeitura de Florianópolis cedeu à área para utilização pública de atividades de lazer e esporte aos moradores da região. Segundo o contrato, que venceu em 2009, tanto a escola de samba como a Amoca (Associação de Moradores da Caeira do Saco dos Limões) podem administrar e utilizar o espaço.
O presidente da Amoca, Luiz Gonzaga da Silva, reclama que há aproximadamente 30 dias a associação está sendo impedida de utilizar o espaço. “Trocaram a fechadura, estamos sem acesso. 80% da comunidade não quer a Consulado no bairro, porque acham que a escola não é receptiva a comunidade”, ressalta.
A coordenadora do projeto Caeira 21, que atende em média 150 crianças da comunidade dentro do espaço voltado para a comunidade, Graça Carneiro, contesta as acusações. Ela explica que a Ong GTCC (Grupo de Trabalhadores Comunitário Catarinense), que administra o projeto Caeira 21, é formado por fundadores e ex-participantes da Consulado. “A instituição criou a Ong, que recebe recursos e mantêm os projetos”, salienta. “A quadra sempre foi aberta a comunidade. A Consulado utiliza o espaço de janeiro a fevereiro, durante o Carnaval, os demais meses são para a comunidade”, observa. Segundo Graça, desde o ano passado, quando a nova diretoria da Amoca assumiu começaram os problemas. “A nova diretoria passou a alugar o espaço para festas e cobrar para utilização. Isso é um bem público e como coordenadora do projeto denunciamos isso”, aponta.
Moradores apreensivos
“A questão é que não podemos perder este espaço”, resume a moradora Estela Maris Cardoso, 36. “Hoje a Amoca está reivindicando um controle da quadra, mas não existe um consenso”, avalia. Estela conta que já teve que pagar R$ 30 para que o filho pudesse participar de partidas de futebol na quadra.
O morador Márcio da Silva, 39, que participou da reunião confirma a cobrança de taxas por parte da Amoca para a utilização do espaço. “É para as despesas de água e luz”, justifica. “A comunidade não quer abrir mão do seu espaço”, completa. Para Silva, a Consulado traz danos aos moradores da região e não apresenta uma compensação. “Durante as festas, no Carnaval, o barulho é intenso e são muitos carros estacionados”, observa.
Tanto a direção da Consulado como da Amoca aguardam uma audiência com a Prefeitura de Florianópolis para definir a questão.
(ND, 18/04/2011)