06 abr As muitas “quedas” da Hercílio Luz
Da coluna de Carlos Damião (ND, 06/04/2011)
Primeiro sinal de alerta, que motivou a construção da Ponte Colombo Salles, foi enviado pelo governo dos EUA, em 1969
O risco de a ponte Hercílio Luz cair é boato velho (e se é risco, não é notícia…). Existe, supostamente, desde 1969, quando o governo militar fez chegar ao então governador Ivo Silveira um relatório norte-americano sobre desastres com duas pontes similares existentes nos EUA – Silver Bridge, sobre o rio Ohio, e St. Mary Bridge, em West Virginia. Esse relatório advertia para os perigos que ameaçavam a Hercílio Luz. Em 1969, a ponte pênsil completava 43 anos de serventia solitária ao tráfego de veículos entre ilha e continente. Por conta do documento – ultrassecreto, trazido em mãos a Santa Catarina pelo engenheiro Colombo Salles –, o governo brasileiro autorizou os estudos para construção de uma segunda ponte. Uma licitação mal conduzida pela administração de Ivo Silveira impediu o início das obras ainda em 1969. Depois que Colombo Salles assumiu o governo, em 1971, com carta branca dos militares, foi possível começar o processo para a construção da ponte nova. Mas apesar do relatório do governo norte-americano, a Hercílio Luz só foi vedada ao trânsito em 1982, 13 anos depois que o documento chegou ao Brasil. Portanto, esteve em “risco de cair” durante os últimos 42 anos. Risco velho pra chuchu. E é por causa dele que está interditada.
Futuro
Três perguntas que o secretário da Infraestrutura, Valdir Cobalchini, pretende ver respondidas até esta sexta-feira (7) pelo corpo técnico do governo e das empresas contratadas, a propósito do futuro da Ponte Hercílio:
– O projeto de recuperação da ponte é esse mesmo que está sendo feito?
– Qual será o cronograma físico-financeiro da obra? (Quantos meses para conclusão e quanto será desembolsado por mês)
– O que será feito com a ponte depois de pronta a reforma?
Respondidas as perguntas, ele levará o relatório para o governador Raimundo Colombo.
Andamento
Algo que poucas pessoas entendem: a ponte, em si, é apenas o vão central, que está ancorado em dois viadutos – o insular e o continental. É importante destacar que essas duas partes foram recuperadas entre 2006 e 2010. Falta a parte mais difícil, justamente a ponte (vão central).