25 mar Turismo e Carnaval
O resultado da pesquisa da Fecomércio/SC que traçou o perfil dos turistas que acorrem ao Estado durante o Carnaval não surpreende. Apenas confirma o que já se sabe desde sempre. Ouvidos, no período, 1,9 mil visitantes e 554 empresários da Capital e de outras três cidades com marcada tradição carnavalesca Joaçaba, Laguna e São Francisco do Sul , a conclusão, agora amparada na fria eloquência dos números, reafirma que o projeto de atrair visitantes de maior poder aquisitivo continua onde sempre esteve: no improvável reino das boas intenções. Do total dos turistas entrevistados, 29% ganham até R$ 1,126 mil, 42,6% estão na faixa entre os 18 e 29 anos e 34% hospedam-se nas casas de parentes e amigos. Com exceção de Joaçaba, o faturamento do comércio caiu, no último Carnaval, em relação ao do ano passado.
De pouco ou nada vale investir em marketing se o produto não corresponde à imagem “vendida”. É o caso. Ademais, os problemas de infraestrutura, principalmente a lamentável situação das rodovias, e a precariedade de diversos serviços públicos, cuja demanda aumenta exponencialmente na época da folia, têm contribuído para afastar os visitantes mais exigentes. O velho lugar-comum se impõe: só existe turismo de qualidade quando há qualidade de vida para os moradores.
Além disso, o turista de melhor poder aquisitivo não busca apenas a festa popular, ele procura, também, recantos tranquilos, atrações e programas culturais bem elaborados, gastronomia regional de boa qualidade. Enfim, não se contenta só com sambódromos, bailes públicos e shoppings quando chove. Há que mudar o foco. A pergunta do vice-presidente do Conselho Nacional de Turismo, empresário Eraldo Alves Cruz, diz tudo: “Vale a pena investir no Carnaval se não há perspectiva de retorno?”
(Editorial, DC, 25/03/2011)