Estado tenta segurar recursos para duplicação da rodovia Diomício Freitas, no Sul da Ilha

Estado tenta segurar recursos para duplicação da rodovia Diomício Freitas, no Sul da Ilha

Deinfra, Prefeitura da Capital e Avaí buscam mais prazo para garantir verba de R$ 5 milhões até abril
O governo do Estado tenta hoje garantir a disponibilidade de R$ 5 milhões em recursos federais para a duplicação da rodovia Deputado Diomício Freitas, que dá acesso ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Em nova reunião, Caixa Econômica Federal e o Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura) negociarão a prorrogação do prazo para o uso dessa verba federal, que expira no dia 29 de abril.
Se o Estado perder o direito de utilizar os recursos, aumentam as dificuldades de executar a primeira parte do projeto, orçada em R$ 20 milhões. Outros problemas a serem superados são entraves com licenciamento ambiental e as desapropriações necessárias ao novo traçado rodoviário. Na reunião de hoje entre Estado e Caixa, participam também a Prefeitura da Capital e dirigentes do Avaí, já que a rodovia planejada para o novo terminal de passageiros do aeroporto costeará o estádio da Ressacada.
Os R$ 5 milhões foram articulados por meio de uma emenda da então senadora Ideli Salvatti (PT), e correm o risco de serem perdidos depois que a presidente Dilma Rousseff determinou o corte de recursos federais para que obras não viabilizadas até 29 de abril. De acordo com o diretor de Planejamento do Deinfra, William Wojcikiewicz, o projeto foi entregue à Caixa na metade do ano passado, mas o banco solicitou mais documentos, e o processo demorou mais que o previsto.
O projeto está dividido em duas partes: duplicação da rodovia Diomício Freitas (a partir do trevo da Seta até o cruzamento com a Ressacada) e a construção da rodovia que dará acesso ao novo aeroporto.
Serão 8,73 quilômetros de obra, com cinco viadutos, cerca de nove sistemas passa-fauna, uma nova ponte e a elevação da atual ponte. O valor total está orçado em R$ 102 milhões. A rodovia, além de levar ao novo aeroporto, fará a ligação com a SC-405 na altura do Campeche e servirá como uma nova alternativa de deslocamento ao Sul da Ilha, além da via atual que passa pelo bairro Rio Tavares (veja mapa).
Primeira etapa custa R$ 20 milhões
A duplicação do primeiro trecho (Seta até Ressacada) custa R$ 20 milhões, que já estariam garantidos com a emenda de R$ 5 milhões e outra emenda coletiva da bancada catarinense, no valor de R$ 19 milhões. Para o restante da obra, o Estado solicitou recursos ao Ministério do Turismo e deve arcar com uma contrapartida. A busca por verbas para executar a obra continua. “Acreditamos que não há motivos para a Caixa negar o repasse dos R$ 5 milhões”, avalia o diretor William Wojcikiewicz.
Para a execução do projeto, além da captação de recursos, ainda há o licenciamento ambiental, porque a nova via permeia a área de manguezal do Rio Tavares. O próprio traçado foi desenhado com aval do Ministério Público Federal.
Segundo o presidente da Fatma (Fundação do Meio Ambiente), Murilo Flores, são exigidas duas licenças: a primeira para a duplicação da Diomício Freitas até a Ressacada e a segunda da Ressacada até o novo aeroporto. O primeiro trecho é o mais atrasado. “Nem licenciamento prévio tem”, diz Flores. O segundo trecho já tem a LAP (Licença Ambiental Prévia) e aguarda a liberação da LAI (Licença Ambiental de Instalação), que permite o início das obras.
Licenciamento depende de aprovações na Assembleia e desapropriações da prefeitura
Serão emitidas duas LAI’s para o segundo trecho: uma para a construção do novo terminal e outra para a rodovia. A LAI do terminal depende do projeto apresentado pela Infraero à Fatma. “A Infraero modificou o projeto várias vezes. Cada vez que muda, precisa uma nova análise porque pode haver novo impacto. O projeto apresentado na Câmara de Vereadores (em audiência pública na semana passada) é diferente do que a Fatma está analisando”, observa o presidente, ressaltando que a Infraero precisará ainda encaminhar a última versão do projeto.
A LAI da rodovia também encontra empecilhos. Para a emissão, é preciso que a Assembleia aprove o projeto de permutas entre o Estado e a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que atualmente está na Comissão de Constituição e Justiça e não tem previsão para ir à votação. Além disso, é necessário um acordo final entre Deinfra e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão do governo federal, sobre as compensações ambientais relacionadas à execução da obra.
A Prefeitura da Capital está responsável pelas desapropriações de terrenos que serão cortados pela nova rodovia. Conforme o secretário de Obras, Luiz Américo Medeiros, o município está em fase de levantamento do que precisará ser desapropriado e também aguarda a sinalização da contrapartida do governo do Estado. Murilo Flores destacou que uma das condicionantes do licenciamento é o pagamento das indenizações. “A prefeitura receberá um prazo para pagar as desapropriações sob pena de embargo da obra”, reitera.
(ND, 24/03/2011)