09 mar Águas envenenadas
Artigo escrito por Volnei Carlin, Doutor em Direito, desembargador aposentado (DC, 05/03/2011)
No atual cenário turístico de nossa capital, afetado pela total insegurança, trânsito caótico e ruas esburacadas, sobressai o violento desequilíbrio ambiental, com incalculáveis prejuízos. O foco central, lembrando apenas um caso de política doméstica, deve ser a avaliação dos perigos que implicam as constantes rupturas das escuras águas do Rio do Braz, trazendo um cheiro insuportável, já que situado entre as praias de Canasvieiras e Cachoeira do Bom Jesus, das mais frequentadas por turistas. Daí surge grande impacto negativo na área socioambiental: poluição das águas do mar, contaminação da qualidade da areia e do ar, comprometimentos extremos, com esgoto in natura, com coliformes fecais visíveis.
Na realidade, a água do mar, neste recanto dito paradisíaco, mistura-se com o lixo e dejetos. Em dias de chuva é uma verdadeira fossa a céu aberto. Imagina-se o quanto de doenças não deve provocar e quantas crianças não são infectadas com viroses, num flagrante desrespeito à cidadania. O problema existe há muito tempo, sendo caso de saúde pública número um. E não é ruim só para os turistas, atinge também os comerciantes, os frequentadores do trapiche e mesmo aqueles que costumam praticar esportes no local. Torna-se um ambiente péssimo para todo mundo.
Verdadeiro absurdo. E instituição ou órgão ambiental algum se preocupou em solucionar o descalabro. Várias denúncias de contaminação do rio foram feitas, sendo que, para seu conforto, as autoridades corresponsáveis subdimensionam os graves danos ambientais. E olha que o meio ambiente foi elevado à categoria de bem de uso comum a todos, essencial à sadia qualidade de vida. É, enfim, a verdadeira decomposição de quaisquer princípios éticos, carência absoluta de autoridade e humanização das pessoas, na constatação da sabedoria popular.