União entrega área nobre para depósito de carros no Centro de Florianópolis

União entrega área nobre para depósito de carros no Centro de Florianópolis

Terreno usado para depositar carros apreendidos também serve para usuários de droga e incomoda população
Carros apreendidos em operações da Policia Federal continuam a ser depositados no terreno da União, no aterro da Baía Sul. Comerciantes do entorno observam no local a chegada de caminhões cegonha com mais carros. Entre veículos mais novos e outros já em completo estado de sucata está à reclamação da população que se queixa que o depósito está servindo de atrativo para marginais, ratos e transmissão de doenças.
A comerciante Luzia Lohn, 46, que trabalha no local há quatro anos, sente no bolso a falta da movimentação de cobradores e motoristas de ônibus que circulavam pelo local. “Antes, quando o local era usado como estacionamento dos ônibus do transporte coletivo, tínhamos muito mais movimento aqui”, lembra. “Agora colocam estes carros que atraem bichos e serve de chamariz para marginais entrarem para arrombar os veículos”, coloca Luzia. De acordo com a comerciante, na última segunda-feira, mais um carregamento de carros foi despejado no local. “Antes não tinham motos, agora tem”, observa.
“Tem carro com o vidro quebrado entrando água da chuva”, observa o assistente de administração, Oscar de Jesus, 43. “Tem dias que não tem lugar para estacionar aqui e tem todo este espaço que poderia ser utilizado para estacionamento”, sugere o motorista que frequenta o estacionamento ao lado.
“Aqui não é local adequado para estes carros. Se eles acham que o Sacolão (Direto do Campo) e o Camelódromo enfeiam a cidade, mas feio ainda é trazer estes carros para cá”, reclamam comerciantes que preferem não se identificar. “Estamos aqui abandonados em meio à prostituição e o tráfego de drogas. Até sexo fazem aqui na frente”, denunciam.
De quem é a responsabilidade?

Conforme já divulgado pelo ND na semana passada, o terreno que pertence ao Patrimônio da União foi cedido provisoriamente ao MPF (Ministério Público Federal) que por sua vez, fez um convênio com a Polícia Federal. A parceria foi estipulada por um período de dois anos, enquanto as investigações as quais os veículos estão inseridos estão em andamento. A Polícia Federal informa que os 38 carros ali depositados são todos vinculados a processos e aguardam a manifestação da Justiça Federal. A recomendação, segundo a PF, é que os veículos sejam encaminhados aos seus fiéis depositários, por uma cautelar tutelar e que dessa forma o número de carros será esgotado. A PF disse ainda que todos os órgãos envolvidos foram informados e os carros devem ser retirados o mais rápido possível. Porém, de acordo com a Justiça Federal, o órgão não foi informado da transferência dos veículos.
Situação indefinida

A saída dos comerciantes do Camelódromo Centro Sul, a Feira Direto do Campo e o estacionamento explorado pela Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) ainda não está certa. Segundo a 2ª Vara Federal de Florianópolis, definiu que os comerciantes poderão permanecer por mais dois anos no Aterro da Baía Sul, podendo ser prorrogado por mais um ano. O novo prazo para que os comerciantes desocupem a área termina em 17 de janeiro de 2013.
De acordo com a superintendente da União em Santa Catarina, Isolde Spíndola, a nova sede do MPF no local ainda está em discussão. “Depende do parecer do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), devido a localização próxima do Forte de Santa Bárbara, que é um patrimônio tombado. Por isso obras na região precisam de autorização”, explica.
(Por Mônica Amanda Foltran, ND, 17/02/2011)