É preciso salvar Florianópolis

É preciso salvar Florianópolis

Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 23/02/2011)

Contaminação total da Lagoa da Conceição é um grave sinal de alerta: qualidade de vida em perigo

A manchete do Notícias do Dia de terça-feira (22/2) revela, por si, o que todos imaginávamos há muito tempo: “Lagoa tem todos os locais poluídos”. A Fatma (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina) apenas confirmou aquilo que a realidade já evidenciava: com tanta ocupação urbana sem controle, cedo ou tarde o cartão postal teria sua qualidade ambiental inteiramente comprometida. E tal fato está acontecendo em outros pontos da Ilha de Santa Catarina, sacrificados em nome da ganância, da falta de compromisso, do espírito destruidor e implacável daqueles que, estando no paraíso, pensam que tudo podem, à revelia de qualquer controle, de qualquer política urbana. Na prática, Florianópolis vai sendo consumida, descaracterizada, desvalorizada. Quem resiste é tido como inimigo do “progresso” – esse progresso que, a olhos vistos, vai transformando a Lagoa e outros lugares em verdadeiras latrinas a céu aberto. Florianópolis tem limites, tem capacidade de carga. Aliás, já chegou ao extremo. Se não fizermos nada, vamos assistir a inteira decadência daquilo que, um dia, simbolizou beleza e qualidade de vida.

Plano – e daí?

A Prefeitura de Florianópolis lançou um plano de saneamento básico, que pretende equacionar nossos problemas gerais de abastecimento de água e beneficiamento dos esgotos. Não há dúvida que tal projeto deve merecer apoio. Mas o que está sendo feito no presente para evitar a alta concentração urbana – prédios e mais prédios – sem a necessária infraestrutura?

Mistérios…

E a questão da capital catarinense não se restringe ao problema de saneamento básico. A expansão imobiliária para lugares paradisíacos, como o Campeche e a Lagoa, não leva em conta a própria precariedade urbanística, a falta de sistema viário e de perspectivas.

… e ‘magias’

Por que a prefeitura autoriza novas construções no Campeche e Lagoa, sem que esses locais tenham condições para abrigar milhares de novos moradores todos os anos? É uma conta que não fecha. Principalmente porque o Plano Diretor (de 1997), em vigência, deveria ser melhor observado pelas próprias autoridades.