11 fev A Capital em outro lugar?
Defensores da transferência da sede administrativa querem eleger uma bancada que apoie a causa
Já considerou a hipótese de Florianópolis não ser mais a capital? Esta é a proposta de um grupo que pretende iniciar a discussão sobre a transferência da Capital para o centro do Estado. Com a mudança, a estrutura administrativa catarinense ficaria na região de Lages.
A Comissão Pró-transferência da Capital surgiu a partir das discussões de um grupo que, há cerca de dois anos, se reúne para debater o assunto. Segundo os integrantes, o fato de o poder político catarinense estar em Florianópolis é um dos principais motivos do fenômeno da litoralização. A maior parte dos investimentos se concentraria próximo à Capital.
O presidente da comissão, Edenir Silva, considera “inconcebível” um cidadão ter que percorrer até 700 quilômetros para chegar à Capital, seja para resolver questões burocráticas ou para receber atendimento de Saúde. Por isso, segundo ele, o grupo defende a transferência para o eixo compreendido entre as cidades de Lages, Correia Pinto, Ponte Alta e Curitibanos, o que permitiria a todos ficar a mesma distância da capital.
Além disso, a avaliação do movimento é que Florianópolis está próxima da inviabilidade urbana.
– Temos um estudo que mostra que, nos próximos anos, terão que ser investidos cerca de R$ 15 bilhões para viabilizar Florianópolis como capital. Já se fala em quarta ponte, túnel aquático, quinta ponte. É um saco sem fundo – critica.
O grupo quer eleger uma “bancada centralista” em 2014. Aos deputados comprometidos com a causa caberia fazer os encaminhamentos legais para um plebiscito sobre a mudança.
A ideia é desenvolver uma estratégia para evitar os erros cometidos no início da década de 1990, quando o assunto foi discutido pela primeira vez. Segundo o deputado federal Onofre Agostini (DEM), a Constituição de 1989 tinha um artigo que previa a realização de um plebiscito para consultar a população sobre a mudança da capital.
– Na época, como deputado estadual, fiz uma lei para regulamentar este artigo, mas o então deputado Sérgio Grando apresentou uma lei contra a proposta. A votação terminou empatada em 16 a 16 e o presidente, na época o deputado Pedro Bittencourt Neto, votou contra, arquivando o projeto – lembra Agostini.
Vinte anos depois, o deputado do DEM mantem a opinião.
– Florianópolis é uma bela cidade, mas, infelizmente, usada de forma irresponsável. Sou plenamente favorável à mudança.
“Nosso movimento não é anti-Florianópolis. O que queremos é a instituição capital, a verdadeira descentralização que não foi conseguida pela descentralização do governo.” – EDENIR SILVA, Presidente da Comissão Pró-transferência da Capital
(DC, 11/02/2011)