Pela despoluição, moradores e turistas abraçam o Rio da Madre, na Guarda do Embaú

Pela despoluição, moradores e turistas abraçam o Rio da Madre, na Guarda do Embaú

Falta de saneamento básico afeta o rio que corta a paradisíaca Guarda, uma das mais belas praias da Grande Florianópolis

Os dedos se entrelaçaram para formar um cordão humano. No corpo, pedidos de socorro, através da sigla internacionalmente conhecida, SOS. Foi dessa maneira, como um ultimato, que centenas de moradores, turistas e amantes da Guarda do Embaú, uma das mais famosas praias de Palhoça, imploraram pela revitalização do Rio da Madre, que corta a tradicional e paradisíaca vila de pescadores. O abraço simbólico ao rio aconteceu na tarde de sábado (26) e ainda contou com atrações culturais e esportivas.

O grande pedido dos manifestantes é que os órgãos públicos em todas as esferas realizem ações para preservar o rio, que vem sendo poluído ano após ano pela inexistência de saneamento básico na região. “Todos os dejetos produzidos pela comunidade caem direto nessas águas, sem passar por qualquer tratamento”, afirma o vice-presidente do Movimento SOS Rio da Madre, Marcos Aurélio Gungel. Outro ponto que pode agravar ainda mais a situação das águas são denúncias de arrozais da região de Paulo Lopes que lançam agrotóxicos diretamente no rio.

“A especulação imobiliária é outro ponto que colabora em muito para a degradação do rio, afinal, essa era uma vila de pescadores há dez anos. Não tem condições de receber tantos turistas. Quanto mais gente, mais sujeira que não recebe o tratamento”, critica Sônia Dalcema dos Santos, 40, moradora da Guarda do Embaú.

Quem vive na região é que realmente sente o problema da poluição de perto, principalmente os surfistas, que não conseguem aproveitar as mesmas ondas de alguns anos atrás. Ricardo dos Santos, 20, surfa desde a infância nas águas do Embaú e garante que a poluição tem diminuído as ondas significativamente. “Está diferente, as ondas são bem menores em relação aos anos em que a poluição não era tão grande”, reforça.

Ainda há solução

Ações imediatas de recuperação do Rio da Madre, como instalação de redes de esgoto, replantio da mata ciliar e impedimento do envio direto de agrotóxicos do arroz para as águas são fundamentais para garantir a sobrevida do rio. “Também é necessário trabalhar a educação de moradores e turistas, para que preservem e exijam que as casas onde moram ou alugam façam o saneamento adequado”, diz a ecologista Elizabeth Albrecht.

Como ainda abriga espécies de seres marinhos, o Rio da Madre não é considerado morto. “Se forem feitas as ações de preservação o rio tem todas as chances de, em um curto período, ter as águas limpas novamente”, acredita a ecologista.

(Por Saraga Schiestl, ND, 27/02/2011)

600 abraços para o Rio da Madre

O Dia do Abraço teve uma comemoração ecológica no sábado, na Praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, Grande Florianópolis. Canoeiros, artistas, surfistas, turistas, moradores, comerciantes e políticos abraçaram o Rio da Madre.

Iniciativa do Movimento SOS Rio da Madre, o ato quer sensibilizar e acionar o poder público para resolver os problemas ambientais e de infraestrutura do local. Cerca de 600 pessoas participaram do abraço.

A banda Sociedade Soul e músicos da região comandaram os shows. Na beira do rio, várias atrações, como yoga, pilates e teatro. Também houve futebol entre artistas, surfistas e comunidade, sob o comando do juiz Margarida, corridas de canoa, passeios de caiaque e confecção e lance de tarrafas, entre outras atividades.

Moradores reclamam que o turismo decaiu, em consequência dos problemas de infraestrutura e das condições de balneabilidade do local, impróprio para banho e com esgoto.

(DC, 28/02/2011)