Avenida Paulo Fontes, em Florianópolis, não será mais aberta

Avenida Paulo Fontes, em Florianópolis, não será mais aberta

Prefeitura quer valorizar os cerca de 250 mil pedestres que circulam diariamente

Quando foi fechada, há exatamente um ano, a Avenida Paulo Fontes, em Florianópolis, estava destinada a virar um centro de convivência. O motivo: valorizar cerca de 250 mil pedestres que circulam por ali todos os dias. Até agora, nada saiu do papel. Mas a prefeitura diz não ter esquecido dos planos de revitalização da área.

O contrato de serviço já foi assinado — no último dia 24 de setembro — e o prazo é que as obras comecem em junho de 2011. É o que garante o o superintendente do Instituto de Planejamento Urbano (Ipuf), Átila Rocha.

O vice-prefeito, João Batista Nunes, reforça que a prefeitura não vai voltar atrás e reabrir a avenida.

— Nunca mais ninguém foi atropelado na Paulo Fontes. Só isso já valeu o fechamento dela — afirma.

Após vencer o concurso que previa a revitalização, em maio, o arquiteto uruguaio Héctor Vigliecca prepara, agora, a parte executiva do material, com detalhamento técnico da obra.

Camelódromo é o maior entrave

A equipe para tirar o projeto do papel já foi selecionada e já está sediada na Capital. O prazo máximo para entrega do material é janeiro de 2011. Até lá, a prefeitura aproveita para agilizar, em paralelo, outras pendências.

A mais delicada delas é, também, a que mais pode dar dor de cabeça: os comerciantes do Camelódromo Municipal, que deve ser removido.

São dois problemas: para onde levá-los durante o período da obra e o que deve acontecer com eles após o fim delas. Como não existe contrato de concessão para ocupar o local, também não há garantia de que irão assumir as vagas do shopping popular previsto no projeto. A decisão será judicial.

Pendências na União

Outro ponto que precisa ser resolvido é a cessão da área pelo governo federal. O espaço de 30 mil metros quadrados que vai ser revitalizado pertence à União e, por isso, precisa estar autorizado por ela. De acordo com Átila, esse processo já está bem adiantado.

— Não existe risco de isso dar errado. Já foi apresentada a área necessária, o que vai ser feito nela. Já está praticamente certo. A União entende que é solução para a cidade. — explica.

Medo e incertezas

No Camelódromo Municipal, os 130 comerciantes vivem dias de medo e de incertezas. A qualquer momento, sabem que podem ser remanejados para outro local durante as obras de revitalização do Largo do Mercado Público. E sabem também que, no fim das obras, correm o risco de não voltar ao lugar que ocupam há cerca de 20 anos.

— Não somos contra o projeto ou contra a revitalização. Nada disso. Só queremos o nosso espaço para trabalhar. Eles fizeram tudo e nem pensaram em nós, não nos trouxeram proposta, nada. Simplesmente, nos ignoraram— reclama o presidente da Associação dos Comerciantes do Camelódromo, José Roberto Leal, o Zezinho.

Comerciantes pagam impostos

A maior revolta, segundo ele, é que toda a infraestrutura existente no local foi construída pelos comerciantes. Todos dividem o pagamento dos impostos, como os cerca de R$ 198 mil com a Marinha e os R$ 124 mil de IPTU anuais.

(Por Sâmia Frantz, HORA DE SANTA CATARINA/ClicRBS, 20/10/2010)