10 set Segurança: O Centro da Capital já não é mais o mesmo
A sensação de insegurança por quem circula pelo Centro da Capital é cada vez mais frequente. Durante o dia, tumultos são observados nas proximidades do Mercado Público e furtos são cometidos dentro de estabelecimentos comerciais. Na Catedral, moradores de rua provocam atos de vandalismo e causam perplexidade, revolta e medo nos fiéis que buscam na igreja um ambiente tranquilo e seguro para demonstração da fé.
(Por MELISSA BULEGON, DC, 10/09/2010)
Catedral é palco de vandalismo
Primeiro, um andarilho tentou roubar as hóstias de uma das ministras durante a comunhão. Depois, o padre foi agredido fisicamente por um deles.
– Ele viu que eu estava com o dinheiro do ofertório. Expliquei que dinheiro eu não daria, mas comida, sim. A sacristã preparou pão e café e, quando ele recebeu, atirou em mim. Então, partiu para cima e travamos uma luta. Os meus óculos voaram longe. Os funcionários da reforma viram e me ajudaram. Eles o seguraram e chamamos a polícia – conta o pároco e reitor, Francisco de Assis Wloch, o padre Chico.
O fato mais recente ocorreu no domingo, quando um dos moradores urinou na Capela do Santíssimo. Todas as situações foram registradas por volta das 6h30min. Desde 2001, a Catedral Metropolitana, um dos principais pontos turísticos de Florianópolis, se tornou alvo de vandalismo provocado por moradores de rua, mas nos últimos dias a situação se agravou. Para garantir a segurança dos fiéis, foi solicitado a inclusão da Catedral no programa de reingresso de policiais.
(DC, 10/09/2010)
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À noite, a situação só piora
O auxiliar de balconista Arnoldo Simas de Oliveira Filho trabalha há quase 50 anos em uma loja de tecidos na Rua Conselheiro Mafra, no Centro.
Há três meses, ele percebeu que a ocorrência de furtos nas proximidades à luz do dia têm aumentado, principalmente entre 15h e 16h.
– A segurança é precária. A gente vê tumultos frequentes de pessoas que foram assaltadas no meio da rua, ainda mais na hora do pessoal sair do banco. São quase sempre por causa de descuidos. Eles tomam a bolsa do ombro e saem correndo – conta.
A operadora de caixa Saskia Graziela Gaier foi uma das vítimas da criminalidade na região. Ela teve a sua bolsa furtada dentro de um restaurante na Rua Felipe Schmit. Além do prejuízo de R$ 180 em dinheiro, perdeu documentos e cartões de crédito.
– O ladrão pegou o que queria e no dia seguinte devolveu em uma loja vizinha. Fiquei sem chão, sem saber o que fazer, sem ter chave para entrar em casa, sem dinheiro. Tu entra em desespero. Moro aqui há um bom tempo e nunca tinha visto ou passado por algo assim – declara.
(DC, 10/09/2010)
Praça serve de refúgio para um casal gaúcho
O casal André Soares Barcelos Júnior, 23, e Suelen Pereira Rossatto, 24, montou acampamento na Praça XV. Eles chegaram de Porto Alegre, na quinta-feira, atraídos pela oportunidade de emprego na construção civil em Canasvieiras. No dia seguinte, contam que foram assaltados. Os ladrões levaram dinheiro e todos os documentos. Na quarta-feira, sem ter dinheiro para voltar ou para seguir na pousada em que estavam, decidiram dormir na praça.
– Ficamos sem nada. Registramos o boletim de ocorrência e procuramos ajuda na prefeitura. Não estamos fazendo nada de errado, só queremos voltar para casa, mas nos informaram que pode levar até 20 dias para conseguirem comprar as passagens. Vimos outras pessoas dormindo aqui, achamos que era seguro – conta André.
Ontem pela manhã, policiais militares encaminharam o casal para o Terminal Rodoviário Rita Maria, onde deveriam aguardar pela resposta do Núcleo de Apoio à Família (NAF – Rodoviário). À tarde, o secretário municipal de Assistência Social, Hélio Abreu Filho, disse que a compra das passagens foi providenciada.
A medida faz parte do programa, que auxilia pessoas que estão passando por vulnerabilidade social a retornar para a sua cidade de origem. O secretário disse também que está sendo criada uma rede social para ampliar o atendimento à população de rua.
(DC, 10/09/2010)
Crimes reduzidos em 90% nas áreas centrais
Desde a implantação da operação Rota Segura, em julho deste ano, a criminalidade junto às escolas da Capital diminuiu 90%. A informação é do tenente-coronel Newton Ramlow, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar. A iniciativa foi criada para garantir proteção aos alunos, familiares e professores que circulam no entorno dos colégios no início e fim das aulas.
O programa, coordenado pela Secretaria Municipal de Segurança e Defesa do Cidadão, tem participação da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Florianópolis. São aproximadamente 32 mil alunos beneficiados, nos períodos da manhã, tarde e noite.
– Ainda estamos aperfeiçoando os pontos de monitoramento, mas a operação está funcionando bem. Antes tínhamos um índice alto e significativo de alunos que haviam presenciado ou sido furtados.
Outros relatos eram de pessoas estranhas que ofereciam drogas e intimidavam os nossos estudantes. Desde que começou a Rota Segura, não soubemos de novos casos – disse o coordenador de Ensino do Instituto Estadual de Educação, Vendelin Borguezon.
(DC, 10/09/2010)
Drogas e falta de policiais
O comerciante Daltro Volff Ferreira, 61 anos, alerta para a situação de abandono que vive o Centro da Capital durante a noite.
Uma das causas apontadas por ele é o policiamento insuficiente. Como trabalha até mais tarde, conta que não tem escolha e precisa quase que diariamente enfrentar os riscos de se tornar vítima de algum criminoso.
– Não vejo, nem ouço mais sobre assaltos durante o dia desde que instalaram as câmeras de vigilância. Mas, por outro lado, à noite, principalmente após as 21h, o Centro vira um caos e é até perigoso andar por aqui, fica tudo abandonado – disse.
O consumo de drogas no meio da rua e o policiamento insuficiente são considerados como causas. O sentimento de insegurança faz com que muitas pessoas evitem passar pela Praça XV. É o exemplo da estudante Raquel Bittencourt Catto, 19 anos. Ela só corta caminho pelo local durante o dia. Acostumada a ver os moradores de rua dormindo nos bancos, mantém distância. Mesmo comportamento da musicista Elisângela Cene, 37 anos.
– Sinto pena porque é uma pessoa como nós. Ninguém está livre de cair no vício ou ser abandonado pela família, mas onde vejo que tem um eu passo rápido e não chego perto de jeito nenhum. À noite eu evito ao máximo passar por aqui – avisa, ressaltando que a região na Praça da Alfândega também é assustadora à noite.
(DC, 10/09/2010)