Por que Adriana não participa do Dia Sem Carro?

Por que Adriana não participa do Dia Sem Carro?

O convite vale para o mundo todo: deixar o carro em casa e usar meios alternativos. Mas em Florianópolis, assim como milhares de moradores, Adriana Berri não vai aderir porque a cidade está emperrada e “carrodependente”

Participar do Dia Mundial Sem Carro em Florianópolis é um desafio para quem tem filhos para levar à escola, mora e trabalha longe da área central.

É o caso de Adriana Berri, 46 anos. Ela é arquiteta, com escritório no Balneário do Estreito e casa no Bom Abrigo. Apesar de ambos os locais serem no Continente, a dificuldade começa com o número reduzido de ônibus circulares. São apenas 13 entre os dois pontos, que passam em média a cada 45 minutos. Para dar conta de suas atividades como mãe e profissional, a saída é sempre usar o carro.

Adriana sai de casa, diariamente, às 7h20min. Leva os filhos João Pedro, sete anos, e Maria Victoria, 11, à escola. Em seguida, vai vistoriar as construções, atender clientes e fazer seus projetos no escritório. Nesta semana, está em um curso no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), na Avenida Rio Branco, Centro. Na tarde de ontem, a reportagem do DC acompanhou sua maratona para constatar a necessidade do uso carro.

Às 13h, a arquiteta foi até o Centro para a aula. Às 16h, retornou ao trabalho. Uma hora e meia depois já tinha que sair para ir ao colégio do filho, na Coloninha, participar de uma reunião e buscar o menino no futsal. O marido Haroldo Luiz Figueiredo, 45 anos, entra em cena. Ele passa com outro carro no mesmo colégio para buscar a garota, que às 18h já estava pronta para ir embora. Às 19h, Adriana sai da escola e leva João ao dentista, em Capoeiras.

É tudo no Continente, mas ela nem pensa em enfrentar a sua rotina sem contar com veículo próprio.

– São poucos horários de ônibus e os táxis são muito caros. Até para andar a pé é difícil nesta cidade, pois as calçadas são irregulares, e as ruas, sem segurança. Não conseguiria fazer tudo sem carro – conta a arquiteta.

Às 20h, Adriana volta para casa e se organiza para as tarefas de mais um dia, que só dará conta com o auxílio de seu carro.

(ROBERTA KREMER, DC, 22/09/2010)