13 set Mobilidade urbana: Relatos do martírio
Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 13/09/2010)
Chovem e-mails para a coluna sobre a gravidade do trânsito em Florianópolis. Segundo o leitor Fernando Silva, “não há como dizer que Florianópolis tem ‘mobilidade urbana’. A título de exemplo: do Córrego Grande ao Centro, para percorrer uma distância de menos 10 quilômetros, a linha de ônibus leva mais de uma hora nos horários de pico. O maior tempo se perde para atravessar a UFSC e na Rua Bocaiúva, nas imediações do Beiramar Shopping. E isso no ônibus executivo! Imaginem o tempo que se leva caso tenha de ser feita baldeação no TITRI”.
Sérgio Luiz da Silva é outro indignado. “No trajeto do centro ao Itacorubi, menos de 10 quilômetros, gastei quase uma hora na quinta-feira à noite. Tive o dissabor de passar pela Altamiro Guimarães. Uma encrenca sem tamanho até acessar a Beira-mar. Motivos: excesso de veículos nas ruas e as espertezas de praxe. Junto ao Shopping parte da pista é surrupiada para facilitar a saída do estacionamento do estabelecimento”.
Abusos
Finaliza o leitor Sérgio Luiz da Silva: “Nas áreas sinalizadas ‘Proibido Parar e Estacionar’, bólidos reluzentes estacionados. Os proprietários? Provavelmente num dos botecos da região para um happy hour! Polícia? Essa é uma outra história que possui relação com o meu primeiro comentário. Estamos correndo atrás do rabo faz horas…”. São dois dos relatos recebidos nos últimos dias; há outros, imensos.
Soluções 30%
Diante do que dizem os leitores que penam no trânsito de Florianópolis, cabe a pergunta: o que fizeram nossas autoridades nos últimos quatro ou cinco anos para melhorar as coisas? O elevado do Itacorubi, que é uma solução meia-sola, porque resolveu 30% do problema. Apenas. A Beira-mar Continental segue em obras e o elevado do trevo da Seta não vai solucionar o fluxo do trânsito rumo ao Sul da Ilha. O gargalo continuará (é outra solução 30%).
Equívoco
Querem outro exemplo de solução errada? A conversão dos ônibus que seguem para o Ticen, no meio do aterro, próxima ao Centro Sul. Foi uma invenção da atual administração, que piorou em muito a vida de quem ruma para o Continente: uma sinaleira no meio do caminho de quem sofre com a tranqueira. Outro dia fiquei parado quase 40 minutos – antes da sinaleira. Depois, o trânsito andou, devagar, mas andou.
O rabo
Exemplos não faltam. A cidade está parecida com aquela história do cachorro que tenta morder o próprio rabo, como disse o leitor Sérgio Luiz da Silva. Tudo se fecha em círculos. Você sai de uma tranqueira, entra em outra. Culpa de quem? Do poder público, que não resolve as questões locais porque simplesmente não segue o que foi planejado no passado para evitar nossas encrencas de mobilidade urbana.
Resposta
“Com relação à sua nota ‘Ausência’, esclareço que como secretário-adjunto respondo pela Secretaria de Transportes, Mobilidade e Terminais da Capital, que cuida diretamente das questões do transporte público. Quanto à engenharia de tráfego, informo que o órgão da Prefeitura responsável é o IPUF – Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF). A ações que envolvem o transporte público e a mobilidade urbana são implementadas por esta secretaria e o IPUF conjuntamente”. Juvencílio João de Souto, secretário-adjunto de Transportes, Mobilidade e Terminais de Florianópolis.