AJIN posiciona-se contra o estaleiro

AJIN posiciona-se contra o estaleiro

Durante a noite desta terça-feira, 31/08, aconteceu uma assembléia extraordinária na Associação de Proprietários e Moradores de Jurerê Internacional, onde a proposta da reunião era esclarecer dúvidas sobre o tema ESTALEIRO e por em votação aos moradores de Jurerê Internacional se eles seriam contra ou a favor a instalação do estaleiro da empresa OSX em Biguaçu.

Por unanimidade dos cerca de 200 presentes, foi definido o posicionamento da AJIN sendo CONTRA O ESTALEIRO OSX em BIGUAÇU!

Na ocasião foram convidados quatro técnicos na área para exporem seus pareceres sobre o empreendimento. São eles: Prof. Msc. Luiz Henrique Fragoas Pimenta, geógrafo e professor do Laboratório de Geologia e Mineralogia da Udesc; Prof. Dr. Sergio R. Floeter, biólogo marinho e professor do departamento de ecologia e zoologia da UFSC; Prof.ª Dr. Bárbara Segal, bióloga e professora do departamento de ecologia e zoologia da UFSC e Fabiano de Carvalho Grecco, biólogo, mestrando em ecologia e conservação, e membro da Associação de Estudos Costeiros e Marinhos – ECOMAR.

Ambos apresentaram diversos riscos ambientais e sociais do empreendimento, como:

* Deficiência de dados e de incoerências no Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela OSX à Fatma.

* Sobre os riscos de impactos ainda maiores como a expansão urbana desordenada. “A expansão litorânea, traz uma série de riscos e conseqüências ambientais e sociais a médio e longo prazo.”, afirmou Luiz Pimenta. Dentro dessa visão, questiona sobre que tipo de desenvolvimento está se propondo e qual desenvolvimento queremos.

“É subestimar os impactos ambientais e sociais quando se analisa apenas os impactos diretos e regionais do estaleiro”.

* Prof. Sérgio apresentou um documento elaborado e assinado por mais de dez técnicos de universidades, com o título “Parecer independente sobre o EIA da OSX Estaleiro-SC, Ictofauna marinha e espécies invasoras”. Nesse documento ele aponta uma série de erros e de omissões no EIA. Como a omissão de nomes de espécies já descritas de peixes da região da Baía Norte, a presença de nomes de espécies de peixes de água doce no EIA e o déficit do documento em apresentar informações mais sérias e profundas quanto ao possível impacto nas três unidades de conservação. Ele alerta também sobre o risco e a grande probabilidade de desaparecimento de muitas espécies de peixe endêmicas, que só existem naquela região.

* Profª. Barbara fala sobre o risco de contaminação biológica que tem grande probabilidade de acontecer em empreendimentos como esse, onde navios trafegam de um oceano a outro, trazendo espécies de uma região para outra incrustadas em seus lastros. Onde muitas dessas espécies são invasoras, e acabam matando espécies da fauna nativa.

* Fabiano faz uma pequena fala levantando o número de pescadores na região de Biguaçu, que é de 440 pescadores e em Governador Celso Ramos que possui mais de 2000 pescadores. Faz o questionamento: “Vale a pena ariscar o emprego e a renda de mais de 2440 pessoas, isso sem falar na maricultura e no turismo, em prol de apenas 4 mil empregos?”.

Na sequência, os moradores se manifestarem e debaterem o tema. Confira algumas das falas apresentadas durante a reunião:

* “O Estaleiro é como um cavalo de tróia.”

* “O estaleiro é a atividade industrial, sem dúvida, mais poluente do mundo”.

* “Quem gosta de comer ostra? Se for instalado o estaleiro, pode esquecer!”

* Para tentar fazer com que as embarcações não tragam essa crosta com organismos vivos, se utiliza uma tinta anti-crustante que mata as sementes de ostras e moluscos.

* “A maricultura movimenta, jogando o número pra baixo, 30 mil empregos. Qual o lugar do mundo que se tem uma fazenda de ostras junto com um estaleiro? Isso é um crime contra a hotelaria e o setor turístico da Ilha.” Este estaleiro não gera emprego e renda e sim acaba com o emprego e a renda de mais de 30 mil famílias, envolvidas com a maricultura, direta e indiretamente.

* “Isso é um assalto, enquanto o governo deveria nos defender, ele vai contra o próprio povo. Não entendo como é que ainda estamos discutindo um assunto desses, esse assunto não deveria ser nem sequer discutido, é óbvio e claro que é um risco irreversível e portando nem deveria estar sendo proposto esse estaleiro no local que está se propondo.”

* “Fomos chamados para decidir se queremos ou não esse empreendimento, enquanto nem sequer se tem um estudo técnico definido sobre os impactos desse empreendimento! Há uma inversão dos processos!”

* “Até hoje não existe nenhum parecer técnico isento que ateste a viabilidade do empreendimento.”

* A região metropolitana deveria estar sendo analisada como um todo, pois o que acontece em um bairro, vem a impactar o outro, direta ou indiretamente.

* Riscos para Jurerê Internacional: podem perder a bandeira azul, perdem a qualidade de vida, têm seus imóveis desvalorizados…

* “Não quero apenas dizer não ao estaleiro, quero dizer que sou a favor de cada um entrar com uma ação no Ministério Publico contra esse empreendimento.”

Na votação todos os moradores e proprietários de Jurerê Internacional presentes, exceto um morador, se levantaram se manifestando e votando em posição contrária a instalação do estaleiro em Biguaçu.

(Por Flora Neves, Movimento em Defesa das Baías de Florianópolis, 31/08/2010)