09 ago Patrimônio histórico
Artigo escrito por José Emídio Trilha, arquiteto, urbanista e professor universitário (DC, 07/08/2010)
O mês de agosto começa com muitas dúvidas e discussões sobre o projeto de restauro de importante patrimônio histórico e cultural de nossa cidade, o prédio da Câmara Municipal de Florianópolis. Dúvidas pairam sobre todo o processo envolvendo o poder público municipal e a parceria firmada com uma ONG. Neste mesmo mês de agosto, mais precisamente no dia 19, serão completados cinco anos da ocorrência de outro fato envolvendo o patrimônio histórico e cultural da Capital: o incêndio do Mercado Público de Florianópolis.
O incêndio, que consumiu toda a ala mais antiga do Mercado, construída em 1898, apesar dos esforços do Corpo de Bombeiros, deixou de pé apenas as paredes externas. Uma parceria entre o poder público municipal e estadual viabilizou fundos para a rápida reconstrução do prédio tombado em 1984. Em caráter de emergência, houve dispensa de licitação e uma empresa que nunca havia executado serviço desse tipo foi contratada. As obras começaram sem consulta aos órgãos responsáveis por edificações tombadas. O ritmo intenso chamou a atenção da sociedade, que, imediatamente, se organizou para tentar impedir o verdadeiro crime que acontecia. Foi criado o movimento SOS Mercado Público.
Somente 60 dias após o início das obras, e por solicitação do Ministério Público Estadual, vários profissionais de classes reuniram-se para discutir os problemas gerados pela falta de clareza no processo todo. Apesar de todas as irregularidades apontadas, a obra continuou. Hoje, decorridos praticamente cinco anos do fato, vários atores envolvidos nesse processo reaparecem no caso do prédio da Câmara Municipal.
Cabe a todos os segmentos da sociedade estar alertas e cuidar para que novos episódios como esses sejam evitados.