24 ago Mercado pode queimar de novo
Cinco anos após o incêndio que destruiu a ala norte do Mercado Público, em 19 de agosto de 2005, um laudo do Corpo de Bombeiros aponta que ainda há problemas graves em relação à prevenção contra incêndios no prédio. A ala sul, que ainda não foi reformada, é uma das principais preocupações. O laudo é resultado de uma vistoria solicitada ao Corpo de Bombeiros pelo Ministério Público no fim de 2009.
De acordo com o chefe do setor de vistoria do Corpo de Bombeiros da Capital, capitão Charles Alexandre Vieira, o sistema hidráulico preventivo não foi totalmente instalado. Segundo Vieira, está faltando, por exemplo, o reservatório de água para atender tanto a ala norte quanto a sul. “Se houver um sinistro, a possibilidade de o incêndio se propagar rapidamente e não conseguir ser extinto até que o Corpo de Bombeiros chegue é grande”, afirmou o capitão.
Além disso, conforme Vieira, algumas saídas de emergência estão bloqueadas porque os comerciantes expõem os produtos ou colocam mesas e cadeiras no corredor do Mercado, dificultando a saída das pessoas ser for preciso de evacuar o prédio rapidamente. “Estou aqui há 50 anos e nunca ninguém reclamou ou pediu para tirar”, alegou uma das comerciantes que utiliza parte do corredor para expor mercadorias.
“Os problemas com a falta de estacionamento e a situação da licitação incomodam mais que o risco de incêndio. Na hora da desgraça, o povo se une”, disse o permissionário de uma peixaria na ala sul, Rogério do Livramento. Na opinião de outro comerciante, Cristiano Silva, após o incêndio de 2005 foram feitas muitas melhorias, mas é preciso fazer mais. “A gente procura sempre se adequar aos pedidos do Corpo de Bombeiros”.
Reforma seguirá orientações, afirma prefeitura
O gerente do Mercado Público, José Roberto Leal, informou que foram solicitados R$ 450 mil para um reparo emergencial no telhado e calhas que provocam infiltrações. Segundo o secretário-executivo de Serviços Públicos da Capital, Salomão Mattos Sobrinho, a prefeitura está ciente da necessidade de melhorias e o projeto de reforma da ala sul, em fase de aprovação pelo Executivo, contempla todas as modificações apontadas no laudo do Corpo de Bombeiros.
Conforme Mattos Sobrinho, assim que o projeto for aprovado, começará a captação de recursos via Lei Rouanet (lei federal de incentivo à cultura). O orçamento é de R$ 3,5 milhões. Sobre a obstrução do corredor, o secretário-executivo disse que é feito um trabalho de orientação. “Essa é uma prática antiga. É difícil conscientizar”, justifica. O próprio gerente do Mercado, que utiliza cadeira de rodas para se locomover, admite que tem dificuldade para transitar no local.
(Por Maiara Gonçalves, Notícias do Dia, pág. 11, 20/08/2010)