10 ago A engenharia que faz falta
Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 10/08/2010)
Um qualificado policial militar resumiu para o colunista o que pensam as autoridades de segurança pública sobre os problemas de mobilidade urbana em Florianópolis: “Além do crescimento da frota, a questão do trânsito enfrenta uma outra dificuldade – a falta de engenharia de tráfego. Não há engenharia de tráfego na capital catarinense”. E a gente, que vê a situação das ruas todos os dias, bem sabe o quanto isso é verdade.
Um bom engenheiro de tráfego, por exemplo, jamais permitiria que a Avenida Paulo Fontes fosse fechada, sem que tivesse sido criada previamente uma alternativa para o escoamento do fluxo de veículos. E, com engenharia de tráfego, toda a tranqueira central, de todos os dias, poderia ser resolvida de forma simples, com soluções emergenciais e, claro, a presença constante de agentes públicos – Guarda Municipal e Polícia Militar. Mas, tirando as intervenções pontuais da Guarda, há quanto tempo não vemos autoridades monitorando e orientando o trânsito em Florianópolis?
Qual é a prioridade?
Na campanha de 2008 eles disseram que “governariam para as pessoas”. Não é isso que se vê na Rodovia Admar Gonzaga, bairro Itacorubi. Carros dominam as calçadas, as pessoas disputam espaços no meio da rua com os veículos em alta velocidade. Por sorte, não se registram acidentes fatais naquela via. Quem fiscaliza isso?
Prevenção (1)
Merece consideração o projeto do vereador Aurélio Valente (PP), que pretende proibir a abordagem de ambulantes, distribuidores de panfletos, artistas de rua e flanelinhas nas sinaleiras, entre 18h e 6h da manhã. O objetivo é reduzir a violência, uma vez que alguns desses pretensos “trabalhadores” são, na verdade, bandidos, que assaltam os motoristas nos parados nos semáforos.
Prevenção (2)
O problema da proposta bem-intencionada do vereador Aurélio Valente é que, mesmo aprovada na Câmara da Capital, possa virar mais uma letra morta: simplesmente porque o poder público perdeu o controle sobre o que acontece nas ruas da cidade. Veja-se o caso dos vendedores ambulantes de DVDs piratas: tomaram conta das ruas. Quem os reprime? Quem os investiga?