29 jul Uma borracha nos buracos da Beira-mar Norte
Uma das principais portas de entrada da Ilha, avenida deve receber camada de asfalto emborrachado para resolver as irregularidades
Hora de passar a borracha para que um dos pontos mais importantes do tráfego em Florianópolis esteja pronto para receber os veranistas. Está nas ruas o edital para recuperação asfáltica do trecho entre o Terminal Rodoviário Rita Maria e a rótula do Centro Integrado de Cultura (CIC), área da Avenida Beira-Mar Norte. O trabalho virá com um diferencial, já que o asfalto será emborrachado.
A moderna tecnologia foi usada na pista de kart, na Praia dos Ingleses, no Morro da Lagoa e na estrada entre Capinzal e Joaçaba, no Meio-Oeste. Duas são as vantagens apontadas: o recolhimento de pneus abandonados no meio ambiente e a maior durabilidade. Além disso, diferente do que ocorreu no começo do ano, quando a recuperação do trecho da avenida foi interrompida pelas chuvas, a aplicação do produto pode ser feita inclusive com o tempo ruim.
– Só não podemos fazer a aplicação quando chover, mas isso será possível mesmo com o local úmido – explica o secretário de Obras, Luiz Américo Medeiros.
Pelos cálculos do secretário, serão necessários 200 metros quadrados de cobertura asfáltica. Estima-se que 6% deste total seja da massa resultante do pneu moído. O processo é considerado simples e um pouco mais caro.
O secretário não soube comparar os valores entre o processo de asfalto comum e o que utiliza a borracha. A expectativa da prefeitura é de que dentro de 30 dias a ordem de serviço esteja sendo dada. E que a obra termine até o final de dezembro. Ou seja, os turistas vão enfrentar novamente os congestionamentos.
Como a alta temperatura não interfere no resultado da aplicação do material, o trabalho poderá ser feito durante o dia. Outra má notícia é que durante alguns meses a via estará em obras 24 horas por dia. Isso porque homens trabalham na expansão dos cabos das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) à noite.
A anúncio da aplicação da nova tecnologia na principal avenida da cidade refresca a memória dos usuários. Quase um ano depois, moradores e turistas se deparam com mais uma promessa envolvendo a via. Em setembro de 2009 começou o recapeamento entre a rótula da rodoviária e o elevado do CIC. Houve muita confusão no trânsito e os buracos no asfalto restam como prova da obra que custou R$ 8 milhões.
Pesquisadora diz que material oferece mais segurança
Os asfaltos de borracha foram tema da tese de doutorado da professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Liseane Padilha Thibes. Foram quatro anos de pesquisas e testes em Florianópolis e Portugal para se chegar à formula que prega maior economia e resistência no asfalto.
– As vantagens estão na melhoria das vias, segurança ao trafegar e por ser ecologicamente correto – diz Liseane.
No Brasil, a técnica é utilizada, principalmente, no RS, PR e SP. O material é produzido pela Petrobras e por cerca de 10 refinarias.
(Por ÂNGELA BASTOS E FRANCINE CADORE, DC, 29/07/2010)