12 jul Trabalho inacabado
(Editorial, DC, 12/07/2010)
Concluída a construção da ponte sobre o hoje agonizante Rio Araújo, que traça o limite entre os dois municípios, a ligação da Avenida Beira-Mar, de São José, com Florianópolis foi inaugurada com os usuais discursos e foguetório. Parafraseando Shakespeare, mais uma vez, se fez muito barulho por nada. A obra, planejada para ser uma alternativa capaz de dar maior mobilidade ao tráfego local na área formam-se intermináveis filas de veículos, que nas horas do pico espraiam-se nos dois sentidos, com efeitos paralisantes em ambas as cidades , foi entregue ao público sem estar concluída de todo. As filas continuam. Pior: a falta de adequada sinalização e de uma pista de escape na saída da Rua Dom Pedro II, que dá vazão ao trânsito da Beira-Mar, com a Avenida Ivo Silveira, já na Capital, pode ser causa de acidentes graves.
Ademais, saltam aos olhos as diferenças entre as obras realizadas em território josefense e aquelas sob responsabilidade da prefeitura da Capital, onde a via ainda não tem acostamentos, iluminação pública adequada e sinalização, entre outras deficiências. Quais as causas? Faltou dinheiro ou competência gerencial? Além disso, repete-se nesta obra o que ocorreu com a do viaduto da Avenida Ivo Silveira, em Capoeiras, que, além de mal planejado, também foi inaugurado sem estar totalmente pronto. E até hoje funciona como um “gargalo” para o trânsito local, ao contrário da finalidade alegada para a sua implantação.
O principal desafio para as cidades de médio e grande porte dos próximos anos é resolver a questão da mobilidade urbana. Sabe-se que, hoje, a maioria dos cidadãos, além de passar entre duas e três horas por dia deslocando-se de casa para o trabalho, gasta mais com transporte do que com comida. Isso diz muito.