05 jul OSX: despertaram
Da coluna de Moacir Pereira (DC, 04/07/2010)
Com o registro, na Justiça Eleitoral, das candidaturas e das coligações, nesta segunda-feira, encerra-se um dos mais conturbados ciclos da política catarinense e inicia-se, na prática, a campanha eleitoral. O balanço frustrou as melhores expectativas de milhares de dirigentes e militantes partidários e causou a mais profunda desilusão em incontáveis batalhões de eleitores, pelas traições, intervenções e imposições surpreendentes. Mas tem-se, agora, uma oportunidade singular para avanços em favor de Santa Catarina.
As convenções revelaram uma linha comum entre os três principais candidatos ao governo. Nenhum deles invocou o retrovisor. Ninguém veio com aquela cantilena jurássica que nada acrescenta aos catarinenses. Angela Amin, Raimundo Colombo e Ideli Salvatti firmaram compromissos com o futuro, numa retórica construtiva digna de registro. Na primeira coletiva de sua chapa, Ideli se negou até a admitir que era “candidata de oposição”, sob a alegação de que “este governo realizou boas coisas”. E enfatizou o slogan de campanha “a favor de Santa Catarina”. Colombo prometeu que “as pessoas estarão em primeiro lugar”, criticando omissões e ações lentas do governo federal, é verdade, mas centrando seu plano no futuro do Estado. E Angela, na mesma batida, chegou a levar mensagem de solidariedade aos peemedebistas que se declararam frustrados com os rumos da convenção, num afago de propósitos bem definidos.
A semana das convenções teve, também, uma mobilização inédita que poderá representar um passo gigantesco na modernização do Estado, geração de empregos e investimentos bilionários no setor produtivo. Nas três convenções, os líderes e parlamentares externaram, nos bastidores, apreensão com o risco de Santa Catarina perder o estaleiro da OSX. E já anunciavam ações para aprofundar o debate sobre o projeto de Biguaçu, com a eliminação de obstáculos e sua viabilização.
Semana decisiva
O primeiro a se movimentar foi o deputado Edison Andrino, do PMDB, ao criar a Frente Parlamentar em Defesa do Estaleiro de Biguaçu. Marcou a primeira reunião para esta segunda-feira, às 10h, na Assembleia Legislativa. Confirmadas as presenças dos três senadores, de deputados federais, órgãos ambientais e entidades empresariais. Serão ouvidos os representantes do grupo de Eike Batista, os prefeitos de Biguaçu e Tijucas e os dirigentes do Instituto Chico Mendes e da Fatma.
Veio a iniciativa do deputado Paulo Bornhausen, líder do DEM na Câmara, também na convenção dos liberais. Requereu para quarta-feira uma audiência pública da Comissão do Meio Ambiente para saber o que está impedindo a liberação das licenças e quais as ações que podem ser executadas para remover estes impedimentos.
Na convenção do PT, o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, marcou audiência com a ministra do Meio Ambiente, nesta terça-feira, às 9h30min, para uma nova avaliação do projeto pelo Chico Mendes. O deputado Cláudio Vignatti levantou dados sobre as restrições ambientais e promete interferir em Brasília.
A semana terminou com a decisão das federações empresariais, assinando um documento em defesa do empreendimento, para ser levado ao Fórum Parlamentar e dali aos órgãos federais, em Brasília.
A pressão que o governador Sérgio Cabral e os cariocas fazem para ter o estaleiro no Rio lançou um novo e promissor despertar nos políticos catarinenses. Que tenha sucesso e que não seja o único.