10 jul Emissários submarinos
Artigo escrito por Gert Schinke, Ecologista (DC, 10/07/2010)
Em artigo publicado nesta página (12/06), o presidente da Casan, Walmor de Luca, ressalta um suposto desconhecimento sobre o funcionamento dos emissários submarinos. Apressada conclusão. Sofisma 1: afirma ele que constituem um tratamento adequado. Os emissários não são equipamentos de tratamento de esgotos, mas emissores de efluentes já tratados, supostamente bem tratados, quesito no qual a companhia que dirige se mostra precária. Sofisma 2: afirma que as águas marítimas têm magnífica capacidade de autodepuração ao promoverem a diluição, dispersão e a decantação de cargas poluentes. Parte ele da premissa, portanto, de que os esgotos não estão devidamente bem tratados ao serem lançados, embora mais adiante afirme que as futuras estações de tratamento do Campeche e de Ingleses darão tratamento secundário e terciário aos mesmos. Infere-se, pois, que serão inertes, não acarretando poluição. Mas, se não causarão poluição, porque lançá-los no mar?
Não seria mais lógico dispersar esta água doce tratada nas cabeceiras dos rios próximos às ETEs, realimentando os lençóis freáticos para fechar o ciclo? Assim, os emissários seriam dispensados. A questão não se resume à “balneabilidade”, mas ao impacto global na orla, já por demais afetada. A premissa nos induz a crer que o mar ainda suporta impactos, desde que suaves, na contramão do que o mundo apregoa – deixá-lo em paz.
O modelo centralizado, proposto pela Casan, é o fator determinante para a concentração dos efluentes e só interessa às empreiteiras, aos atores políticos envolvidos e às empresas avessas ao monitoramento de seus resultados.
Já no modelo descentralizado, os efluentes são totalmente absorvidos no local onde a natureza pode realizar esse serviço ambiental. E de graça. Ecologicamente sustentável e valendo-se da complementaridade de sistemas de tratamento, respeita as bacias hidrográficas, e consome menos energia, além de ser, em muitos casos, mais barato.