Floripa, tempos de cólera

Floripa, tempos de cólera

Artigo escrito por Laudelino José Sardá, Jornalista e professor universitário (DC, 01/06/2010)
Vivemos, sim, tempos de cólera, movidos pela repulsa à desfaçatez dos que governam a nossa cidade. Como dizia Rui Barbosa, a indignação é inseparável da justiça, e nós, habitantes, não podemos viver encolerizados pela libertinagem de governantes que se sucedem, insensíveis às causas sociais, culturais e econômicas de Floripa. Nem mesmo os embotados inquilinos do palácio estadual, que construíram mais um teatro, outro para ser guardado na inércia, percebem a cidade se destruindo pela desordem social e urbana.
Assim como o personagem Florentino, de O amor nos tempos do cólera, de García Márquez, reencontrou a sua Firmina, usando uma rede telegráfica, nós podemos rever e salvar a nossa Floripa, reagindo pela rede virtual aos danos de gestores desumanos e omissos.
O paradoxo é o alcaide alienígena ter escolhido dois bons secretários, o da Educação, Rodolfo Pinto da Luz, e o da Saúde, João Cândido da Silva, e não ter sabido planejar a cidade, com a visão de qualidade de vida.
A violência se perpetua, as favelas crescem, a imobilidade se agiganta, enquanto trilhas são pavimentadas em nome do plano eleitoreiro chamado “tapete preto”.
Agora, o alcaide decidiu construir o palácio municipal na Avenida Beira-Mar, ignorando, por vaidade, a desconcentração urbana como exigência natural à descentralização administrativa.
Aliás, o aterro da Baía Sul, já tomado por órgãos federais, deveria ser locupletado no desarranjo com mais repartições públicas, delegacias, circos, igrejas para todos os sentimentos, etc. O povo que vá buscar lazer no Vale do Itajaí e na região serrana.
O hilariante nisso tudo é que o alcaide foi dizer, em Singapura, que somos a capital da inovação da América do Sul. Pode?