23 jun Custo benefício de incorporar a Ponte Hercílio Luz ao serviço de mobilidade
Da coluna de Sérgio da Costa Ramos (DC, 23/06/2010)
A Ponte Hercílio Luz foi planejada para receber tonelagens próprias de rodovia e ferrovia. Se pode receber até 17% do fluxo das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo, por que não incorporá-la ao serviço da mobilidade urbana, tendo por via tributária a nova Beira-Mar Continental? O VLT, ou metrô de superfície, também deveria ser cogitado, apesar do alto custo (cerca de R$ 400 milhões). O que não faz o menor sentido é dar uma destinação “cosmética” a uma ponte cuja recuperação custará mais de R$ 200 milhões. Destiná-la só a “passeios” e “atividades culturais” é um luxo e um despropósito. Seria o mirante (e o palco) mais caro do mundo.
Trabalho e campanha
O poder público reluta em devolver a Ponte Hercílio Luz à sua destinação original – o tráfego rodoviário – porque teria que “adequar e reorganizar os seus acessos”. Ora, e daí? Só mesmo uma administração preguiçosa – como a que gasta seis anos para implantar uma avenida de dois quilômetros, a Beira-Mar Continental – poderia aceitar esse argumento. A ponte deve servir à cidade, como, por exemplo, a Brooklyn Bridge serve à cidade de Nova York. Os acessos da ponte americana acompanham sua vida útil desde 1883, quando foi inaugurada. Governantes precisam dedicar mais tempo ao trabalho do que à campanha.
Abandono urbano
Veja-se o caso da nunca assaz citada Rua Antônio Edu Vieira: é via da maior importância, ligando duas expressas. A Beira-Mar e a Via Expressa Sul. Transformou-se no caso dramático de “abandono explícito”. Sua duplicação exigia recursos, planejamento, desapropriações e uma vontade de administrador responsável. Os recursos externos foram malbaratados ou não empregados, e as desapropriações, consideradas inexequíveis. É uma obra “que dá trabalho”. O que fez a prefeitura? Desistiu. E hoje finge que a rua não existe.