20 maio SC investe em rede sem fio nas escolas
O IEE (Instituto Estadual de Educação), situado em Florianópolis, é a primeira escola de Santa Catarina a ter sua área interna totalmente coberta por uma rede wireless.
A implantação faz parte dos planos da Secretaria de Educação de SC de disseminar esta tecnologia para se antecipar ao Programa do Governo Federal que prevê a distribuição de notebooks e netbooks para alunos de escolas públicas.
Após a implantação no IEE, a Secretaria já estuda novas instalações de wireless em estabelecimentos educacionais do Estado ainda este ano, usando como critério de escolha das escolas o seu desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico)
O novo ambiente convergente de comunicação integrando dados e voz está alicerçado em equipamentos de alta performance da Extreme Networks implantados pela Integra Tecnologia. Através desta estrutura, professores, funcionários e alunos da instituição podem hoje ter acesso sem fio à Internet, a partir de qualquer ponto das instalações escolares, fazendo uso de notebooks.
O IEE é uma referência no setor, despontando entre as maiores instituições de ensino público de toda a América Latina. Acolhe um contingente de 8.900 alunos em seus três turnos de funcionamento e mobiliza cerca de 350 docentes e funcionários. Em razão destas credenciais, o estabelecimento foi selecionado para abrigar o projeto, que contemplou a instalação de 27 pontos de acessos sem fio, além da montagem de uma infraestrutura de suporte completa e de um link de rádio interligando a rede local ao prédio da Secretaria de Estado da Educação, que pode efetuar o monitoramento remoto.
Ao falar dos objetivos traçados com a empreitada, Genivaldo Andrade Bulhôes, gerente de tecnologia de informação da Secretaria de Estado da Educação de SC, nota inicialmente que o uso de TI no processo educativo é um caminho sem volta. “Ou as escolas se modernizam ou não vão conseguir dar conta das novas necessidades dos alunos de hoje”, pondera ele.
A fim de levar a cabo a iniciativa, foi promovida em julho do ano passado a licitação para aquisição dos equipamentos, a qual foi vencida pela Integra, representante da Extreme Networks no Estado. Foi então comprado um lote composto pelos seguintes ativos da família Summit: dois switches X450e (com 24 e 48 portas); seis switches X250e de 24 portas; dois switches X250e de 48 portas e um controlador wireless WM20. Foram adquiridos também 27 Access Points 350-2D da família Altitude.
Etapas do projeto
O projeto começou a ser executado em meados de setembro do ano passado, com a instalação da infraestrutura básica, abrangendo as partes elétricas e de cabeamento, fase que consumiu em torno de 30 dias. A seguir, procedeu-se à etapa de implementação dos ativos de rede propriamente ditos, concluída após duas semanas de trabalho, no fim de outubro. A Integra foi responsável por todas as tarefas ligadas à construção do ambiente, desde a estruturação do meio físico até a instalação, integração e configuração dos equipamentos.
Em termos de arquitetura, pormenoriza Dieter Erwin Christan, gerente técnico da Integra, os dois switches X450e foram alocados para o core da rede (junto com um firewall e um servidor DHCP – Dynamic Host Configuration Protocol, que fornece endereços IP para os pontos de acesso, ambas soluções providas por outros fabricantes).
Já os modelos X250e foram distribuídos pelas instalações do IEE a fim de interconectar os 27 Acess Points, os quais são gerenciados pelo controlador central WM20. “Um dos destaques é o emprego da tecnologia Power Over Ethernet, que otimiza o uso da eletricidade para a implantação de dispositivos VoIP (Voz sobre IP) e wireless”, salienta Christan.
Operacionalmente, a rede sem fio foi segmentada em seis subredes, cada qual voltada para um perfil específico de usuário: coordenação, professores, alunos do matutino, alunos do vespertino, Séries (sistema de uso dos funcionários, contendo dados sobre matrículas, notas dos estudantes, etc) e visitantes.
Na realidade, o IEE já possuía anteriormente uma rede cabeada comum, mas ela não cobria todas as dependências da instituição, limitando-se aos principais setores (secretaria, direção, biblioteca, principais coordenações, sala dos professores e laboratórios de informática). Agora, observa Christan, “os computadores que não são atendidos pela rede convencional serão plugados na rede sem fio, pois foram instaladas placas wireless nos micros do colégio”.
De resto, foi criado um link de rádio (com equipamento fornecido por um outro fabricante), interligando o IEE com a Secretaria de Educação (também sediada em Florianópolis, a cerca de 500 metros da escola), por meio do qual as autoridades educacionais podem acompanhar a utilização do ambiente.
De acordo com Bulhões, “a meta é monitorar remotamente os acessos e os conteúdos que circulam na rede”. Neste esforço de supervisão, detalha ele, os computadores portáteis têm de ser cadastrados e o uso dos recursos é efetuado mediante logins, senhas e políticas de controle e hierarquização de acessos. Assim, os administradores, a partir da Secretaria, podem, por exemplo, bloquear determinados conteúdos, fixar restrições de horários, conceder autorizações especiais para navegação, entre outras medidas.
Resultados obtidos
Fazendo-se um balanço dos desafios vencidos e dos resultados obtidos com a empreitada até o momento, alguns pontos se destacam. De saída, aponta Dieter Christan, a implementação se deu em um período de tempo curto – pouco mais de 50 dias –, considerando-se a complexidade do ambiente. Outro aspecto ressaltado por ele foi que “a cobertura da rede, com gestão centralizada dos acessos, alcança quase 100%, uma façanha se for levado em conta que se trata de uma escola antiga, constituída por paredes grossas”.
Outros ganhos operacionais do novo aparato de comunicação, discrimina Christan, “são a elevada disponibilidade, a performance robusta e a facilidade de configuração”. A escalabilidade do sistema permite a ampliação do parque de micros sem que seja preciso promover alterações na retaguarda, afirma ele. Além disso, novos Access Points, num total de cinco, podem ser adicionados em caso de necessidade.
O empreendimento, na prática, conforme explica Genivaldo Bulhões, se encontra em fase inicial, prevendo-se resultados mais auspiciosos a médio prazo. Um fator vital que, segundo ele, deverá impulsionar o uso da rede sem fio é o programa do Governo Federal que visa distribuir notebooks e netbooks entre alunos das escolas públicas. “Hoje, a comunidade ainda não usa todo o potencial ofertado pela tecnologia. Porém, mais à frente, a adesão deverá crescer expressivamente”, antecipa o gerente técnico.
Já neste ano, a Secretaria da Educação planeja implantar redes wireless em outras escolas catarinenses. Provavelmente, assinala Bulhões, o critério a ser usado para selecionar as próximas instituições a serem beneficiadas será a classificação que elas obtiverem no Ideb de 2009, a ser divulgada pelo MEC. “Serão contemplados os estabelecimentos mais bem classificados nas Gerências Regionais de Educação, de modo a premiar a melhor de cada localidade”, conclui ele.
(Convergência Digital, 19/05/2010)