23 maio Quosque tandem?
Da coluna de Cacau Menezes (DC, 23/05/2010)
O preço da liberdade é a eterna vigilância. A frase tem mais de cem anos, porém nunca foi tão atual quanto hoje. Ficar no silêncio é pactuar, tolerar, aceitar, condescender, admitir, consentir, deixar passar, fechar os olhos, permitir, concordar. A Câmara de Vereadores, traindo projeto de lei cobrado pelo MP no sentido de acabar com a ilegalidade de ocupação de espaço público por particulares, acabou aprovando uma imoralidade maior, que é legalizar a ocupação até o ano de 2025.
Quando parte do Mercado pegou fogo, a sociedade descobriu, horrorizada, que nenhum inquilino pagava seguro, e a reconstrução foi feita com o meu, o seu, o nosso dinheirinho. Nada contra a ocupação por peixarias, venda de alimentos da colônia como mel, queijo, torresmo, frescal ou besteiras da China. Mas alugar por R$ 800 mensais, livres de IPTU, água, luz e condomínio, um box de 20 metros, para ali vender tênis de grife falsificada?
Por muito menos o senador Cícero, com seu famoso discurso Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? conseguiu expulsar de Roma o político demagogo e com larga folha de velhacarias Lúcio Sérgio Catilina.