05 abr Sinal vermelho
Artigo escrito por Marcos Heise, jornalista (DC, 03/04/2010)
O Indicador de Inovação Global, que é apurado mediante pesquisa em 132 países, tabula informações de 60 parâmetros para aferir o grau de inovação de cada país. No resultado divulgado este ano, o Brasil caiu 18 posições, ficando em 68º lugar numa avaliação geral, informação que teve pouquíssima repercussão na mídia. Na América Latina, existem seis nações à nossa frente, como Costa Rica, Chile e Uruguai. Nossos defeitos apresentados pelo relatório são os de sempre: pobreza do sistema de educação básica, baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento, corrupção, indicadores precários de infraestrutura, e por aí vai. No detalhamento de um dos principais parâmetros de composição do indicador entre os 60 analisados, no quesito qualidade do nosso sistema de educação, o Brasil, em relação aos outros 132 países, caiu para a 102ª posição.
Não é preciso nem chegar até uma sala de aula para explicar isso. Basta olhar como a estudantada se comporta fora dela. Esta semana, um grupo numeroso de estudantes, crianças em sua maioria, na saída de uma escola pública na Capital, tentou aproveitar uma brecha de fluxo para atravessar uma rua. No local, existe um sinal para pedestres, que funcionava e estava vermelho. Um carro se aproximou e buzinou em alerta.
O motorista apontou para o sinal vermelho. Foi vaiado e, se tivesse ficado no local, seu automóvel seria chutado ou danificado. O que esperar destas crianças que não respeitam nem mesmo um sinal de trânsito, que é, inclusive uma garantia de vida a elas e a todos os pedestres? Preparem-se, pois é esse é o “caldo” que vai moldar nossa sociedade nos próximos 30, 50 anos.