12 mar Golpe no tráfico
As armas são de dar inveja a policiais de muitas delegacias. Submetralhadora, pistolas, coletes à prova de bala e munição. O arsenal foi apreendido ontem, no Morro do 25, em Florianópolis, e pertenceria a traficantes envolvidos no tiroteio registrado sábado na Avenida Beira-Mar Norte.
Em operação no Morro do 25, em Florianópolis, a Polícia Militar deteve sete pessoas e apreendeu drogas e armas que pertenceriam a traficantes envolvidos no tiroteio de sábado à tarde na Avenida Beira-Mar Norte
Por trás das armas está um problema conhecido, mas difícil de ser resolvido: a guerra entre gangues dos morros da Capital. São adolescentes que levam terror às comunidades em que vivem e que, às vezes, avançam pela cidade e provocaram pânico. Na troca de tiros do fim de semana, por pouco pessoas inocentes não foram atingidas.
Na manhã de ontem, em uma resposta ao episódio, policiais do 4º Batalhão da Polícia Militar fizeram uma das maiores apreensões de armas dos últimos anos em Florianópolis. Elas estavam em um tonel enterrado na mata do Morro do 25, no Bairro Agronômica, região de onde seria uma das gangues envolvidas no tiroteio.
Havia até uma submetralhadora de fabricação alemã, espingardas de calibre 12 e coletes da Polícia Civil. Drogas também foram apreendidas. A operação antidrogas e contra a onda de violência na cidade começou às 5h30min.
O morro é ocupado desde o início da semana pela Polícia Militar. Os policiais estão em pontos estratégicos. Abordam pessoas e veículos para sufocar o movimento do tráfico de drogas, além de quebrar o poder financeiro dos traficantes. Casas também foram revistadas.
Justiça deu mandados de busca e apreensão
A partir do levantamento dos principais pontos de tráfico, o comandante do 4º Batalhão da PM, tenente-coronel Newton Ramlow, pediu à Justiça mandados de busca e apreensão. Ao conseguir seis ordens judiciais expedidas pela juíza Maria Terezinha Mendonça de Oliveira, da 2ª Vara Criminal, desencadeou a operação Beira-Mar 25. O nome foi dado por causa do tiroteio de sábado.
– Tínhamos a informação de que havia um tonel com armas e conseguimos achar. Sem dúvida há armas utilizadas no tiroteio da Beira-Mar – disse Newton Ramlow, impressionado com o arsenal apreendido.
Seis pessoas foram presas e um adolescente foi apreendido. O garoto de 17 anos estaria à frente da gangue do Morro do 25. Ele teria assumido o comando do tráfico após a prisão de Ruan Diego Correia Jerônimo, preso em 2008 pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Segundo o comandante do 4º BPM, o garoto chegou a expulsar a família de Ruan de casa. Ele é um dos que foram baleados no sábado. Em 2008, foi apreendido pelo assassinato de um rival registrado na Praça XV, no Centro, de tarde. Mas logo foi solto. As autoridades reivindicam a sua apreensão pelo tempo máximo, que de acordo com a legislação é de até três anos, e que seja cumprida em um centro de internamento fora da Grande Florianópolis.
Suposto comparsa do adolescente, André Vargas Pinto, 21 anos, baleado no sábado, permanece internado no Hospital Celso Ramos com escolta policial. Há receio de que traficantes invadam o local para matá-lo. Ele foi atingido com três disparos no tiroteio da Beira-Mar.
A polícia ainda procura quatro jovens do Bairro Monte Verde que teriam atirado contra a gangue do Morro do 25.
(Por Diogo Vargas, DC, 12/03/2010)
Horácio deve ser o próximo
A ação no Morro do 25 vai se repetir em outras áreas da Capital nas próximas semanas. Os alvos deverão ser os morros do Horácio e Mocotó, no Centro. A intenção é tirar armas de circulação e evitar novos conflitos entre gangues.
A polícia afirma que a guerra entre os grupos surge porque adolescentes tentam assumir o controle do tráfico em locais onde os principais líderes estão presos.
Policiais civis e militares investigam a possibilidade de ter fuzis escondidos na mata do Morro da Costeira. Na Capital, a polícia revela que uma pistola 765 é vendida entre os criminosos por R$ 600.
Para a delegada Lúcia Stefanovich, da 5ª Delegacia de Polícia, a ascensão das gangues tem como motivo a falta de policiamento preventivo e o reduzido número de policiais civis para a investigação. Na região da 5ª DP, que abrange os morros do Maciço, cita a existência de 42 áreas críticas dominadas pelo tráfico.
– Os nossos policiais estão trabalhando no limite. É preciso reforço – declarou a policial, ex-secretária de Segurança Pública de Santa Catarina entre 1995 e 1999.
(DC, 12/03/2010)