15 mar Estado de risco
Artigo escrito por Laudelino José Sardá, jornalista e professor (DC, 15/03/2010)
A sociedade e a mídia não perceberam a gravidade da afirmação de um policial, publicada no DC, de que registros policiais são engavetados e poucos investigados. O policial acabou punido. Só. Ora, em um Estado de responsabilidade social e jurídica, a delação do policial destituiria secretário de Segurança e justificaria inquérito. Mas o governo do Estado preferiu o silêncio a desnudar uma verdade, que lhe poderia impor um alto custo eleitoral.
Engavetar registros policiais em delegacias significa propagar a impunidade, estimular o delito, instituir em cidades a anarquia, o desgoverno, e a arma passa a impor a autoridade do bandido, como, aliás, já ocorre em alguns locais de Floripa e de Joinville.
Floripa, em proporção, já atingiu o nível de violência do Rio de Janeiro e não causou surpresa o armamento apreendido em toca de traficantes na Ilha. Há muitos anos que muitos articulistas, entre os quais me incluo, vêm alertando as autoridades para essa gravidade. Contudo, a megalomania dos governantes prefere obras eleitoreiras, como a pavimentação de ruas, ruelas e becos, enquanto a cidade incha com 60 favelas e mais de 100 mil pessoas mergulhadas em ambientes promíscuos, desumanos.
Floripa precisa energizar-se, e a revolta de sua população ganhar eco e as ruas. Não se admite mais conviver com tamanha hipocrisia governamental e um Legislativo inerte e de cabresto.
Este ano, os políticos estão em absoluta concentração eleitoral, o que significa mais um longo período em que a violência recrudesce. E o alcaide alienígena ainda teve o descaramento de dizer em Seul que Floripa é a capital da inovação da América do Sul. Sim, somos inovadores em imobilidade, violência, desgoverno etc.
O alcaide é um zombeteiro.