Caos urbano

Caos urbano

Artigo escrito por Mauro Passos, Presidente do Instituto Ideal (DC, 28/02/2010)
Depois de ler, no sábado 20 de fevereiro, os comentários do diretor do Sinduscon, Aliator Silveira, de que Florianópolis é a pior cidade brasileira em mobilidade urbana, e que a falta de planejamento é responsável pelo caos no trânsito da Capital, novamente acendeu a luz sobre o tema que me motiva: a relação do público com o privado.
Quem conhece a cidade sabe da forte influência do segmento da construção civil sobre os poderes Legislativo e Executivo do município de Florianópolis. Decisões passadas e presentes contribuíram, e muito, para o caos urbano que vivenciamos. Quem não se lembra da recente e mal explicada posição da maioria dos nossos vereadores sobre a Bacia do Itacorubi? Como se explica que um projeto encaminhado pelo Executivo seja derrubado numa Câmara onde, sabidamente, o prefeito tem ampla maioria? Por trás desse projeto era público o interesse do Sinduscon.
Quando ficar preso num engarrafamento, olhe para o lado. Observe os inúmeros prédios construídos. Eles fazem parte do processo de ruas saturadas. Pense na Bacia do Itacorubi. Passe pela Rodovia João Paulo, de rodovia só o nome, uma rua estreita de mão dupla, sem nenhuma condição de absorver as dezenas de novos prédios ali construídos. Siga adiante, entre na Rua Antonio Amaro Vieira. É de assustar. Um prédio ao lado do outro. A largura da rua não tem seis metros. Tente atravessar a Rodovia Admar Gonzaga. Se conseguir, olhe o que fizeram junto à Celesc. São centenas de novos apartamentos, invadindo o que era um loteamento, o Parque São Jorge.
Vencida essa etapa, você só tem um caminho a seguir: o da cidadania. Exigir dos poderes constituídos respeito ao que é público. Cobrar dos órgãos competentes a implantação do Estatuto das Cidades. Buscar seus direitos. E, antes de comprar um apartamento, passe no Sinduscon. Verifique como se deu a aprovação do projeto.